25 de julho é o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. Por isso, é uma data importante e mobilizadora, presente no calendário dos movimentos negro, feminista e todos os outros movimentos sociais que têm a superação do capitalismo patriarcal e racista como norte.
Neste 2018, o ato do 25 de julho em São Paulo teve concentração na Praça Roosevelt, no centro da cidade. Teve como eixo central a luta pelo bem-viver e o fim da negligência e da violência de Estado. Trata-se de uma demanda urgente, já que a violência se aprofunda todos os dias, com o genocídio da juventude negra, a crescente militarização nas periferias e a criminalização dos movimentos sociais. “Estão exterminando a juventude negra e jogando para debaixo do tapete”, afirmou Edna Ferreira, da Marcha Mundial das Mulheres, no microfone.
A manifestação não deixou que a execução de Marielle caísse em esquecimento, relembrando a luta política da militante negra em falas, camisetas e cartazes, e questionando quem mandou assassiná-la.
Maria Ortencia, militante da Marcha Mundial das Mulheres, trouxe seus motivos para ir às ruas: “estamos combatendo esse governo golpista que tirou nossos direitos. E estamos defendendo as mulheres negras, os jovens negros que são assassinados, arrancados de suas famílias, e defendendo essas mães, que depois que perdem seus filhos ficam desnorteadas e precisam de apoio. A luta da mulher negra é todo dia, todo dia estaremos na rua”.
A legalização do aborto também foi uma reivindicação importante neste 25 de julho. A vitória das mulheres argentinas rumo à legalização é uma inspiração para as mulheres de toda a América Latina e Caribe. O aborto ser clandestino não impede que as mulheres o façam. Mas as que fazem em condições mais precárias e inseguras são as mulheres negras e pobres. Por isso, a luta pela legalização é urgente no Brasil. “As mulheres precisam ter o direito de abortar no SUS”, afirmou Maria Ortencia.
O desmonte do Estado (políticas de saúde, educação, direitos sociais) e as reformas neoliberais propostas, que só beneficiam a elite, também são temas em que as mulheres negras travam sua resistência. “Precisamos denunciar esse retrocesso que tem acontecido no Brasil nos últimos dois anos. Quem sente primeiro os retrocessos são as mulheres negras, que somos a base da sociedade”, disse a militante Helena Nogueira. “Nós estamos batalhando desde o primeiro dia em que nossos ancestrais colocaram o pé nesse chão trazidos com violência da África. Nós somos parte dessa sociedade e queremos ser reconhecidas como construtoras dessa sociedade”, completa.