3º Fórum Nyéléni pela Soberania Alimentar: Feminismo para construir transformação sistêmica

11/09/2025 por

Militantes da Marcha Mundial das Mulheres de várias regiões do mundo participam do 3º Fórum Nyéléni, no Sri Lanka
 

Está acontecendo entre os dias 8 e 13 de setembro, a 3ª edição do Fórum Nyéléni pela Soberania Alimentar, em Kandy, Sri Lanka. Para a Marcha Mundial das Mulheres, o Fórum Nyéléni foi um marco de construção coletiva desde sua primeira edição em Selingué, Mali, em 2007. Naquele momento, uma aliança de movimentos populares globais elaboraram uma poderosa plataforma de luta por soberania alimentar que inspira mobilizações, mudanças políticas, práticas e experiências até os dias atuais. 

A delegação da MMM nas Américas é composta por 3 representantes, do Chile, Peru e Brasil, que contribuem com a construção da Aliança Continental pela Soberania dos Povos da América Latina e Caribe. Pelo Brasil, a delegada e mobilizadora é a companheira Sarah Luiza Moreira. O 3º Fórum Nyèleni é um momento-chave para a unidade e a ação popular a luta pela soberania alimentar em todo o mundo e a Marcha Mundial das Mulheres esteve envolvida desde o início de sua construção junto à movimentos aliados como Via Campesina e Amigos da Terra Internacional.

Em maio deste ano, durante a preparação, a Marcha Mundial das Mulheres das Américas redigiu um documento em que posiciona a visão política do movimento sobre a construção deste processo, que enfatiza:

“As feministas ainda afirmam a necessidade de questionar e confrontar a divisão sexual e racial do trabalho que sobrecarregou e sobrecarrega o corpo e a saúde das mulheres. Hoje, 17 anos depois desse Fórum histórico, a Declaração continua válida. Olhando para todos esses anos, podemos dizer que avançamos na socialização de nossas proposta. Apesar de termos um sistema de comunicação adverso, aliado ao grande capital, que não divulga nossas mensagens e que se omite em denunciar as violações dos direitos humanos e a violência patriarcal, racista e colonialista que continuamos a vivenciar, nosso compromisso com a defesa da soberania alimentar se estende por todos os continentes e se sustenta em conteúdos práticos como a transmissão de conhecimentos e saberes ancestrais para o cultivo de hortas, a defesa de sementes nativas e/ou crioulas, o intercâmbio de produtos de camponeses e produtores, o comércio local, a conservação de alimentos sazonais, a produção têxtil artesanais, entre outros. Tudo em um circuito que exige o cuidado com a natureza, sua biodiversidade, incluindo suas montanhas, rios, lagos e mares, bem como o cuidado com a vida, a saúde e o corpo-território das mulheres”.

Clique aqui para ler o documento.

Nesta edição integrantes da MMM ao redor do mundo estão no Nyéléni para participar da construção de uma plataforma política que guie os próximos anos de movimento e aliança, partindo do feminismo como ferramenta fundamental para a construção da transformação. As feministas da MMM estão lutando por uma economia feminista baseada na sustentabilidade da vida com agroecologia, cuidado e acesso aos bens comuns, como compartiha Sarah Luiza em seu relato no vídeo abaixo:

Uma reunião com as delegadas da MMM foi realizada no dia 6 de setembro, prévia ao início do Fórum. No dia 07 de setembro, a MMM em aliança com a Via Campesina e outros movimentos aliados atuaram na realização da Assembleia de Mulheres, momento fundamental para debater as propostas feministas para a agenda comum que será construída no evento.

Em 8 de outubro, Miriam Nobre, da Executiva da Marcha Mundial das Mulheres (MMM) e da SOF Sempreviva Organização Feminista, participou da cerimônia de abertura. Miriam  integrou o comitê de coordenação do Fórum no Mali e relembrou a atuação das mulheres no 1º Fórum Nyéléni que aconteceu no Mali, em 2007. Ela destacou também o 70º aniversário da Conferência de Bandungue, conferência Asiático-Africana realizada em 1955 se tornando um encontro histórico em que reuniu 29 países africanos e asiáticos, e representantes de colônias que ainda não haviam conquistado sua independência, para debater processos de descolonização em seus territórios. “A única forma de a gente derrotar o colonialismo e os neocolonialismos, não é só com a aliança dos estados, é com a aliança dos povos, das comunidades, dos movimentos sociais, inclusive com os estados”, enfatizou Miriam.

3º Fórum Nyéléni segue até 14 de setembro e pretende ser um momento único de convergência dos movimentos populares globais. 

Confira alguns registros:

Fotos: Convergência de Comunicação do Fórum Nyéléni

  • Veja também: Vídeo recupera a trajetória de lutas da MMM pela soberania alimentar como aposta política na defesa dos bens comuns e dos territórios

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