Em 2018, o 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, foi marcado por manifestações por democracia e aposentadoria. Dezenas de milhares de mulheres saíram às ruas de todo o país denunciando o golpe iniciado em 2016, as políticas neoliberais de Michel Temer que aprofundam desigualdades sociais, a reforma da previdência, a violência contra as mulheres, a criminalização dos movimentos sociais e defendendo a legalização do aborto.
Para construir os atos, foram várias atividades, debates, formações e intervenções, a partir de articulações com movimentos parceiros, sindicais, rurais, indígenas, estudantis, auto-organizados ou mistos, e também com a Frente Brasil Popular, a qual a Marcha Mundial das Mulheres faz parte.
Em Campinas (SP), a manifestação aconteceu uma semana antes, dia 3, mobilizando também as mulheres a participar do 8 na capital. No ABC paulista, o ato foi no dia 10, sábado seguinte, reunindo as feministas da região.
Durante o dia, aconteceram intervenções e denúncias de empresas que representam o ataque do capital sobre as mulheres. É exemplo disso a intervenção que aconteceu durante a manifestação de São Paulo, que reuniu milhares na Avenida Paulista. A colagem de lambes na loja de roupas Marisa denunciou o trabalho escravo e o apoio ao golpe. Junto à colagem de lambes, houve uma apresentação teatral organizada pela aliança entre os movimentos feminista e de cultura. Em Recife, durante a manifestação, também houve uma representação artística para denunciar os poderes que estão destruindo o país.
Em Fortaleza (CE), a manifestação fez paradas no Bradesco, denunciando o lucro dos bancos com o golpe, no McDonald’s, expondo o imperialismo e a precarização do trabalho, na Riachuelo, por financiar e apoiar o golpe, no INSS, para denunciar a reforma da previdência, e na Praça da Justiça, para lembrar do papel do poder judiciário no golpe e na perseguição de Lula. No mesmo estado, no município de Redenção, as mulheres terminaram o ato de rua em frente à delegacia municipal, denunciando a violência contra as mulheres.
Em Extremoz (RN), 800 mulheres da MMM e do MST ocuparam e paralisaram a empresa do Grupo Guararapes, que patrocinou o golpe, apoiou a reforma trabalhista e pertence ao mesmo dono da Riachuelo. “Nosso 8 de março vai dar nome aos bois, aos que patrocinaram o golpe, exploram os trabalhadores e trabalhadoras e se apropriam dos recursos públicos”, afirmou Claudia Lopes, da MMM. Outro exemplo da aliança com as mulheres do MST foi em Belém (PA), onde a Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra compôs a manifestação que tomou as ruas.
Em Belo Horizonte (MG), cerca de mil mulheres ocuparam a sede do Tribunal da Justiça Federal. “Se a justiça é injusta, as mulheres não são!” foi o mote da ação. “Hoje julgamos e condenamos a justiça brasileira por seu caráter elitista, antidemocrático”. No mesmo estado, também houve ato em Juiz de Fora, com presença das mulheres estudantes e sindicalistas.
Em Palmas (TO), a ocupação foi na Assembleia Legislativa, onde mais de 200 mulheres se posicionaram contra a violência sexista e contra o projeto de lei que criminaliza a atividade econômica das Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu.
Também aconteceram intervenções nas sedes da Rede Globo em algumas cidades do país. Frases como “Globo golpista” e “Mexeu com a democracia, mexeu com as mulheres” foram pixadas em Belo Horizonte (MG) e João Pessoa (PB) para denunciar a responsabilidade do maior meio de comunicação nacional no golpe e na aprovação de políticas de retiradas de direitos.
No Rio de Janeiro, a denúncia foi em frente ao jornal O Globo, pertencente ao conglomerado, e as mulheres davam a linha contra a intervenção militar e o genocídio da população negra: “a Globo promove intervenção para dar golpe na eleição”. No final do dia, as mulheres da MMM se juntaram ao grande ato unificado. Os atos também se espalharam pelas ruas de Brasília, Porto Alegre, Caxias do Sul, Vitória, Curitiba e muitas outras.
O 8 de março é uma data importante para o movimento feminista porque abre, também, uma jornada de lutas intensas para o resto do ano. Assim, retoma a necessidade do feminismo em todos os enfrentamentos ao capitalismo. Já estão agendadas novas atividades e manifestações contra o golpe, a criminalização dos movimentos sociais, o genocídio da população preta e a violência contra as mulheres.