“Rio de Janeiro está florido / estão chegando as decididas.
Rio de Janeiro está florido /É o querer, é o querer das Margaridas”.
Foi com muita cantoria e animação que a Jornada Temática de Políticas Públicas para as Mulheres Rurais do sudeste realizada essa semana, durante os dia 08 a 11 de junho, na cidade de Araruama no Rio de Janeiro, foi encerrada.
Construíram a atividade cerca de 60 mulheres dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Companheiras – quilombolas, assentadas, trabalhadoras rurais, estudantes, agricultoras e militantes – que se debruçaram durante os primeiros três dias nas seguintes questões: O que vêm ocorrendo em nossos territórios que tem tornado insustentável nosso modo de vida? Quais são nossas principais demandas e reivindicações para o executivo/legislativo nacional e para os governos locais? Como são as políticas públicas queremos?
Para respondermos a essas questões e formularmos um documento síntese foram três dias de muito trabalho, conversa em grupos, plenárias, cantorias, confecção de um painel, dança e solidariedade feminista. Posteriormente, este relatório regional será sistematizado em um documento nacional – que reunirá as principais demandas das mulheres das cinco regiões brasileiras – e entregue ao Congresso Nacional e a Presidenta Dilma.
A Jornada foi encerrada no dia 11, na cidade do Rio de Janeiro com uma audiência com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Nós, Margaridas dos quatro estados, solicitamos apoio finaceiro ao Banco para a realização da Marcha das Margaridas de 2015, expusemos algumas demandas e afirmamos nosso descontentamento com projetos desenvolvimentistas que o mesmo vem apoiando e que estão nos prejudicando – mulheres do campo, da floresta e das águas por todo o Brasil. Ainda frisamos a importância de avanços nos projetos já existentes com olhares para as mulheres, como o Terra Forte, ECOFORTE e o Fundo Amazônia.
Coutinho garantiu apoio financeiro à Marcha de 2015, se comprometeu com criação de um canal de diálogo constante com a CONTAG para debaterem, entre outras coisas, os impactos dos grandes empreendimentos, e afirmou que irá tratar de criar estratégias para atender as demandas apresentadas.
Alessandra Lunas, secretária de mulheres da Contag pontuou: “estamos a frente dos processos de resistência, mas hoje estamos falando para nós mesmas. Por isso, precisamos criar canais de diálogo permanente com o Banco. Estamos trazendo a demanda de criação de projetos que vá em direção da construção da Soberania Alimentar, estamos lutando para um desenvolvimento rural que seja protagonizado pela agricultura familiar agroecológica”.
Frisou que a Marcha das Margaridas é um movimento feminista que defende uma prática sustentável vida, uma luta que tem como foco o fim de todas as formas de violência contra as mulheres e à natureza.
Retornamos para nossos territórios para continuarmos nossa mobilização e com os corações cheios de expectativas de que, entre todas, esta será a maior e mais bonita Marcha das Margaridas de todas.
Nosso próximo encontro com as companheiras – do campo, das floresta, das águas e também das cidades – será dias 11 e 12 de agosto em Brasília, no estádio Manuel Garrincha. Ocuparemos a capital brasileira para mais uma vez dizer:
Estamos em marcha até que todas sejamos livres!
Mais informações sobre a Marcha das Margaridas 2015: www.transformatoriomargaridas.org.br