No último sábado, cerca de 30 mulheres estiveram na última Plenária Estadual da Marcha Mundial das Mulheres antes da 4ª Ação Internacional promovida pelo movimento. O encontro reuniu representantes de diferentes municípios que participarão do ato em Registro, cidade localizada na região do Vale do Ribeira, em São Paulo, nos dias 10 e 11 de julho.
Durante a plenária, as diferentes comissões que organizam o evento tiveram a oportunidade de atualizar o status de suas atividades, além de apresentar as pendências nas regiões que atuam. A ideia foi promover uma construção coletiva para que tudo esteja pronto quando as mais de 500 mulheres que são esperadas para esta 4ª edição do evento chegarem em Registro, prontas para dois dias de agenda que inclui formação política feminista, oficinas temáticas, batucada e mobilização pública em defesa dos “territórios das mulheres”, compostos por seu corpo, pelo lugar onde vivem, trabalham e desenvolvem suas lutas, suas relações comunitárias, sua história.
Equipes de mobilização reportaram as atividades que têm realizado para reunir o maior número possível de companheiras para estarem em Registro. O núcleo ABC da Marcha das Mulheres, por exemplo, tem articulado com grupos de mulheres em universidades e sindicatos em São Bernardo do Campo, Mauá, Santos, São Caetano.
Já as colegas de Indaiatuba contam com o evento em Campinas para reforçar a realização da Ação com as mulheres também de seu município. Em São Paulo, interações já foram feitas no Jardim Miriam, na zona sul, e outras já estão confirmadas no Grajau, também região sul, Parque da Juventude, na zona norte e Casa de Lua, na região oeste da capital.
As representantes de Registro também fizeram um relato das reuniões que têm realizado com diferentes atores e órgãos municipais para garantir estrutura para a realização do ato. Elas também convidaram todas a participarem de encontro nos dias 18 e 19 de junho com mais de 20 mulheres das várias cidades do Vale do Ribeira, que analisarão a conjuntura da realidade da mulher nestes espaços, além de apresentarem a Marcha Mundial das Mulheres e planejarem os próximos passos até o evento.
As comissões de Metodologia, Infraestrutura, Cultura e Comunicação também estiveram na plenária para apresentar suas propostas de ação durante a 4ª Ação Internacional da Marcha das Mulheres.
A 4ª Ação Internacional da Marcha das Mulheres
Com o lema “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, a 4ª edição da Ação Internacional da Marcha das Mulheres acontece cinco anos após a última mobilização, quando mais de duas mil mulheres de todo o país marcharam por cerca de 100 km para dar visibilidade à luta das mulheres.
Diferente dos outros anos, a edição de 2015 é descentralizada, enraizada localmente com objetivo de visibilizar as lutas das mulheres em seus territórios específicos, suas resistências e alternativas. Duas ações descentralizadas já aconteceram este ano: em Tocantins onde as mulheres afirmaram a auto-organização e o feminismo como movimento social, e em Minas Gerais, onde cerca de 3 mil mulheres marcharam em defesa da água e de seus territórios, e contra a mineração. As próximas ações são em São Paulo, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Ceará e Rio Grande do Norte.
Sobre a escolha do Vale do Ribeira para a ação no estado de São Paulo
As mulheres do Vale do Ribeira têm buscado alternativas de trabalho e renda e construído resistência neste complexo território que, ao mesmo tempo em que preserva a natureza, exclui as pessoas que historicamente nasceram e vivem ali – principalmente as mulheres. Como parte da resistência, elas organizaram, em 2013, um comitê da Marcha Mundial das Mulheres, que agrega participantes de varias cidades da região e reivindicaram que a Ação Internacional de 2015 fosse realizada na região, em defesa de melhores condições de vida e trabalho, além da comercialização justa do que produzem. Outra pauta importante das mulheres do Vale do Ribeira é chamar a atenção da sociedade para as licenças ambientais concedidas às construções de barragens e as atividades de mineração, privilegiando a histórica concentração de terras e grandes empreendimentos na região, ameaçando as comunidades tradicionais.
Atendendo à solicitação das companheiras do Vale do Ribeira, a executiva estadual da Marcha Mundial das Mulheres realizará sua 4ª Ação Internacional em Registro, reunindo mulheres de diferentes partes do estado – e também do Paraná – para afiramr a economia solidária, a agroecologia, as experiências e o conhecimento e práticas das mulheres como caminho para transformar um modelo de reprodução, produção e consumo que explora o trabalho da mulher, controla seu corpo e esgota a natureza.
Conheça o Vale do Ribeira
O Vale do Ribeira é formado por 25 municípios e cerca de 25% da população da região vive na área rural. São mais de 7 mil agricultoras e agricultores familiares, 159 famílias assentadas, 33 comunidades quilombolas e 13 terras indígenas. Abriga ainda 12 unidades de conservação, com 7 parques estaduais, 3 áreas de preservação ambiental e 2 estações ecológicas. Ao mesmo tempo, a infraestrutura de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, as condições de habitação e níveis de renda e de escolaridade, contrastam com o restante do Estado de São Paulo, o que faz do Vale do Ribeira uma de suas regiões mais empobrecidas.