Militantes dão voz às pautas das mulheres em evento que aconteceu nessa sexta, 4, em MG
Em setembro de 2014, foi realizado de maneira exitosa o Plebiscito pela Constituinte Popular e Soberana. Na ocasião, quase oito milhões de pessoas deram seus votos e fortaleceram a campanha Brasil afora. Um ano depois, em ato simbólico e político, movimentos sociais de todo o país se reúnem em Belo Horizonte (MG) para retomar as discussões e encaminhar decisões importantes para a continuidade da campanha pela Constituinte. A Marcha Mundial das Mulheres marcou presença no evento com militantes de vários estados brasileiros que logo na plenária de abertura se fizeram ouvir, pautando a luta das mulheres pelo feminismo popular e colocando no foco da discussão as mulheres que são as principais vítimas do avanço conservador e liberal pelos quais o Brasil vem passando nos últimos tempos.
As mulheres defenderam a Constituinte como uma estratégia importante para o avanço do projeto de uma sociedade mais justa e menos sexista. Ao fim da plenária de abertura do evento, Maria Júlia Montero, militante da Marcha Mundial das Mulheres em São Paulo, chama a atenção de todos para os efeitos da atual conjuntura na vida das mulheres, elucidando a importância das mulheres na dinâmica econômica, social e política do nosso país. “O aumento do conservadorismo também significa o aumento da misoginia, da violência contra as mulheres, especialmente no que diz respeito aos nossos direitos sexuais e reprodutivos. Não à toa temos o fortalecimento de projetos como o Estatuto do Nascituro, Estatuto da Família, reforçando a família heterossexual, o lugar da mulher em casa, sem autonomia econômica. Outro exemplo é toda a polêmica em torno do debate sobre a inclusão das questões de gênero nos planos de educação nas esferas municipais e estaduais”, comenta.
Na parte da tarde, mais de 600 pessoas, de 10 estados brasileiros, se dividiram em grupos de discussões com um único intuito: debater e formular propostas para a continuidade e fortalecimento da campanha nacional pela Constituinte. A Marcha Mundial das Mulheres apresentou suas demandas, sugeriu estratégias e somou seu apoio ao movimento. Os grupos elegeram seus relatores que, em plenária, apresentaram suas propostas. Dentre todas as sugestões ficou evidenciado a necessidade de ampliar a campanha de maneira mais didática, fazer uso de mídias alternativas, distribuição de materiais em linguagem simplificada e acessível, formação de multiplicadores nos centros e nas periferias e retomado do dialogo com os locais onde os votos foram coletados. Ao fim do dia de trabalho foi lido o manifesto que deixa em foco o processo pela Constituinte como uma das estratégias da esquerda para a crise vivida hoje no Brasil.
Em continuidade à agenda do encontro, a Marcha Mundial das Mulheres estará presente neste sábado, 5, na Conferência Nacional que lançará a Frente Brasil Popular, frente política formada por movimentos populares, centrais sindicais e partidos políticos, unidos com o objetivo de apresentar um projeto político alternativo ao país, contra golpismo e por avanços reais.