Capa / Notícias / Ação Internacional da MMM em Dourados: diversidade e resistência nas lutas

Ação Internacional da MMM em Dourados: diversidade e resistência nas lutas

AmJFTzl0RvU1k8WoMWp4g9GekeRiNEAeQnKtv0CjbijM

Na noite de 10 de outubro aconteceu a abertura da 4ªAção Internacional  da Marcha Mundial das Mulheres em Dourados, Centro Oeste do país. Com a presença de militantes dos estados de MS, MT, GO, SP e DF, a ação aborda o tema “Feminismo em Defesa dos Territórios e contra as Violências”, sendo o nosso corpo, nosso primeiro território e nossas lutas.

A mesa de abertura, intitulada “Feminismo que queremos”, foi composta por uma diversidade de mulheres, trazendo à tona suas especificidades – mulheres indígenas, jovens, da periferia, negras e rurais.  Foram levantados os desafios que as mulheres enfrentam diariamente, as diversas violências que nos tombam e fragilizam, as inúmeras tentativas de silenciamentos e assédios, a negação do o direito de ir e vir, que muitas vezes é expropriado das mulheres através das opressões e a desigualdade de gênero. O feminismo que queremos é a união na sua diversidade e amplitude, e se afirma, todos os dias, anti-capitalista, anti-lesbo-bi-transfóbico, anti-patriarcal e anti-racista.

A mesa de abertura considerou as realidades das mulheres presentes como ponto de partida para debater qual o mundo que queremos construir e como fazê-lo. Queremos construir um feminismo que melhore o mundo para todas e todos. Um feminismo que espalhe o olhar das mulheres, que espalhe a paz, autonomia e soberania. Que derrube todas as barreiras do patriarcado e todas as suas formas de violência. Buscamos a solidariedade, pois as mulheres constroem o mundo pensando umas nas outras, com justiça, trabalho justo e igualdade. Um mundo que respeite as especificidades e pluralidades, que englobe e considere os povos que hoje ficam à margem da sociedade, que respeite a diversidade e especificidade de cada uma de nós. Também é essencial que as mulheres tenham, e mantenham, além do direito sobre seus corpos, os direitos básicos necessários, como a água, terra e saneamento básico.

A 4ª Ação acontece na cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul (MS), centro dos atuais conflitos territoriais que violentam, expulsam e assassinam os povos indígenas. Trata-se de um local onde a terra, a pecuária e a plantação de soja, milho e cana valem mais do que as pessoas que ali vivem. Queremos dar atenção aos dados alarmantes de violência contra as indígenas  – o MS é campeão em suicídios entre os povos indígenas e as mulheres que cometeram suicídios foram duramente violentadas -, e outras que morreram por lutar e exigir seus direitos.

O genocídio dos povos indígenas não cessou durante estes 515 anos, fazendo vítimas como crianças, anciões, lideranças e mulheres.  A terra para os povos indígenas é tão necessária quanto o corpo às mulheres e uma vez que essas terras foram invadidas e violadas, é necessário que lutemos contra as atrocidades cometidas pelos latifundiários aqui presentes que querem, a todo custo, apagar a história dos povos indígenas.

Sobre comunicadoras