Passando por comunidades indígena, quilombola e rurais do Rio Grande do Norte, a Caravana Agroecológica Feminista acontecerá nesta sexta, 16, contará com a participação direta de 300 mulheres circulando por oito municípios do Rio Grande do Norte para visibilizar o protagonismo das mulheres que, através da auto-organização, constroem alternativas para a autonomia de suas vidas e de seus territórios.
A Caravana Agroeocológica Feminista é dividida por rotas em Patu, Caraúbas, Upanema, Tibau e Grossos, Apodi, Macaíba e São Gonçalo mostrando o que o feminismo tem a ver com a mudança de vida das mulheres em seus locais.
Na Associação Quilombola do Jatobá, em Patu, o destaque será o protagonismo das mulheres na conquista do título quilombola, na produção agroecológica a partir do Programa 1 terra e 2 águas, P1+2, da ASA em parceria com o Centro Feminista 8 de Março e o debate do feminismo antirracista. Em Caraúbas, a temática do Feminismo e Economia Solidária será apresentada a partir das experiências de hortas coletivas do assentamento 1º de Maio, a organização e gestão das mulheres nas associações comunitárias de Mariana e a Feira Feminista de São Geraldo.
O debate em Upanema será em torno do Feminismo e a Convivência com o Semiárido através das visitas aos quintais onde foram implementados o projeto Água Viva, de reuso de água cinza. Os filtros possibilitam que as mulheres reaproveitem a água da lavagem de roupa, da casa e de outras tarefas, para usar na produção de alimentos que consomem e comercializam na comunidade.
Já em Grossos e Tibau as mulheres acompanharão o trabalho das marisqueiras de Grossos e a organização das pescadoras, agricultoras e artesãs tibauenses no que chamam de luta feminista pela terra e pelo mar em que, atualmente, mais de 200 famílias de Lagoa de Salsa e Vila Nova I (Tibau/RN), junto à Ariza e Vila Nova II (Icapuí/CE) buscam o direito de continuar vivendo e produzindo em suas comunidades. A reintegração de posses destas terras é movida pelo interesse de vender a propriedade para a instalação de parque eólico.
A visita à Apodi passará por Caiçara, Palmares e Mansidão/Melancias para mostrar as experiências de quintais produtivos, beneficiamento de frutas e a resistência ao projeto do perímetro irrigado do DNOCS na Chapada. A auto-organização das mulheres com o feminismo e pela soberania dos territórios é fator determinante na produção agroeocológica se contrapondo ao agronegócio. Por fim, em Macaíba e São Gonçalo na comunidade indígena de Lagoa do Tapará o debate será sobre o feminismo e a luta indígena.
Conceição Dantas, da Marcha Mundial das Mulheres explica a importância da Caravana Agroecológica Feminista: “Será um dia intenso de muita troca de experiência e de afirmar que, quando juntas, as mulheres se fortalecem e são capazes de reinventar suas realidades e mudar o lugar onde vivem. Vivemos em uma sociedade machista e num modelo de desenvolvimento que não nos contempla. Por isso nosso feminismo constrói a agroecologia e a economia feminista e solidária, dentre outras alternativas. Só aprendendo umas com as outras que podemos seguir em marcha até que todas sejamos livres”.
A Caravana Agroecológica Feminista faz parte da programação da Virada Feminista Agroecológica e Cultural, atividade de encerramento da 4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres que estará acontecendo no Ceará e no RN entre 15 e 17 de outubro.