O 10º Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM) aconteceu entre os dias 10 e 15 de outubro em Maputo, Moçambique, onde se encontra a atual coordenação internacional da Marcha. O Encontro reuniu mais de 30 lideranças dos países que constroem o movimento.
A abertura, no dia 10, acolheu as militantes e deu início aos trabalhos do encontro. No 11, uma análise de conjuntura mundial e sobre o contexto local de Moçambique com relatos de situações muito difíceis das mulheres, sobretudo das mulheres jovens. “No norte de Moçambique existe uma cultura de iniciação para ensinar as meninas assim que menstruam para o casamento: como cuidar de uma casa, de um homem e até de iniciação sexual”, conta Conceição Dantas que, junto à Alessandra Lunas (CONTAG), compôs a delegação brasileira no encontro.
O avanço do conservadorismo para impedir a autonomia dos povos, territórios e corpos das mulheres ocorre em todo o mundo. Seguindo as análises, no dia 12, as mulheres levantaram alternativas para construir uma sociedade com igualdade a partir do entendimento de que a auto-organização já se constitui como uma alternativa e para as alternativas serem construídas, necessariamente, tem que passar pela auto-organização das mulheres. Os dois últimos dias de encontro seguiram com discussões sobre a nova Coordenação Internacional e ações internas e externas que serão desenvolvidas local e internacionalmente.
O secretariado em Moçambique teve o importante papel de mostrar para o mundo o quanto a Marcha funciona a partir dos saberes das coordenações nacionais e internacionais e o quanto que a África e Moçambique tem a ensinar sobre auto-organização das mulheres. Sobre o encontro, Conceição Dantas arremata: “Trouxemos a experiência das Américas sobre a construção do bem viver baseado na experiência harmônica entre as pessoas e a natureza questionando a divisão sexual do trabalho, do patriarcado e o sistema capitalista. E vendo a alegria e a fortaleza das mulheres da África, mesmo depois de ouvir todas as adversidades pelas quais passam, desde a tomada de suas terras pelo governo para empresas, a guerra instalada no Moçambique e do patriarcado revestido de cultura, levamos a energia da força e da diversidade de auto-organização que existe aqui. Seguiremos resistindo e em marcha até que todas sejamos livres”.