Nota da MMM-PE sobre os vagões rosas

Nós da Marcha Mundial das Mulheres vimos a público para nos manifestarmos contra o projeto de segurança apresentado pelo chefe de segurança do Metrô de Recife, Sr. Luiz Meira, intitulado Vagões Rosas, que prevê a criação de vagões exclusivos para a população feminina. Entendemos que o projeto em questão significa um retrocesso na luta histórica travada pelas mulheres para ocupação do espaço público. Tal medida segrega as mulheres, bem como realimenta a ideia de que elas são as culpadas pelos abusos sofridos, eximindo, dessa forma, a responsabilidade não só do agressor como também do Estado de garantir o espaço público à população feminina.

Lembramos que as mulheres representam 38% dos usuários do metrô, parecendo portanto lógico de que em vez de segregá-las se faz necessário medidas que garantam  o direito democrático de ir e vir a qualquer espaço público.

Reivindicamos:

1. A realização de campanhas de conscientização, nas quais as mulheres saibam onde denunciar e receber acolhimento, caso sejam vítimas de violência dentro do transporte público;
2. A reeducação da população para que as mulheres não passem por um processo de culpabilização quando vítimas de violência;
3. A utilização de câmeras nos vagões de metrôs e transportes públicos;
4. A realização de campanhas contra o assédio sexual no sistema televisivo de metrôs e ônibus para fortalecer a prevenção de abusos;
5. A criação de campanhas que orientem as mulheres sobre seus direitos, sobre como se defender, além de campanhas que possam inibir os agressores;
6. A formação adequada dos funcionários do metrô e ônibus para atendimento das vitimas;
7. A iluminação em pontos de ônibus;
8. A garantia do transporte público como direito à cidade.

É preciso que combatamos as ideias machistas que permeiam a nossa sociedade de forma incisiva, que não nos acomodemos com projetos como os que vem sendo propostos e busquemos de fato soluções para os problemas que nos acometem, não só dentro do transporte, mas em todos os ambientes em que estamos. Acreditamos, por fim, na construção de uma sociedade livre, na qual homens e mulheres possam caminhar lado a lado, sem o exercício de poder sobre nossos corpos.

Não à criação de vagões rosas!

Não à segregação espacial entre homens e mulheres!

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!