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Mulheres pelo fim da violência contra a população pobre, negra, indígena e lutadora

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Fazendeiros, oficiais da polícia, milícias armadas e pistoleiros têm licença para agredir, torturar e matar? Nos últimos meses, a resposta inócua das autoridades a casos aviltantes de violência nos diz que sim. A regra é: persiga mate e aniquile qualquer voz dissonante.

Temos acompanhado com dor e revolta o aumento descomunal da violência no Brasil. Sabemos que essa violência tem endereço certo, ela atinge quem luta contra a retirada de direitos, por terra, pelo fim da violência machista e racista e pela demarcação das terras indígenas. Ela também atinge a população mais pobre e negra desse país, que vive nas periferias, e assiste diariamente ao assassinato de jovens negros em chacinas que nunca são esclarecidas, menos ainda punidas.

Somente nos últimos dois meses sete pessoas, militantes do MST foram assassinadas no Pará porque lutavam por um pedaço de chão. Katia Martins, em Castanhal e Eduardo Soares Costa, de Eldorado dos Carajás foram os mais recentes torturados e assassinados. Denunciamos que a soja, o gado, o minério e a madeira que saem do norte do país vão banhados em sangue do povo que ali vive.

Na semana passada aconteceu um massacre contra os índios Gamela: as vítimas foram baleadas, tiveram as mãos decepadas e tentativas de esquartejamento. Aconteceu no Maranhão, mas não tem sido diferente com indígenas no Mato Grosso do Sul. Os dados da SESAI – Secretaria Especial de Saúde Indígena, diz que nos últimos dois anos foram 137 assassinatos cometidos contra os povos indígenas, sendo 36 deles no Mato Grosso no Sul.

A criminalização da luta social não é de agora: Rafael Braga foi acusado e condenado arbitrariamente a 11 anos e 3 meses de prisão porque carregava em sua mochila Pinho Sol em uma manifestação em junho de 2013.

Nas mobilizações contra o golpe e os retrocessos pessoas são presas, em um flagrante e recorrente ataque a democracia.

Em Goiânia, apenas por estar em uma manifestação que exigia o fim do desmonte da previdência social e a manutenção das leis trabalhistas, Mateus, um jovem estudante, teve parte do crânio e da face esmagados por golpes de cassetete deferidos por um oficial da polícia militar. A resposta oficial? “Foi um excesso isolado”.

Em São Paulo a lista também não é pequena. A xenofobia ganha espaço e faz ato contra lei de migração. Um grupo ultradireitista arma uma emboscada contra migrantes para agredi-los. Mas pasmem, os Palestinos agredidos é que foram presos, enquanto os agressores seguem impunes.

Jamais esqueceremos Luana Barbosa dos Reis Santos, 34 anos, uma mulher negra, pobre e lésbica, que morreu na periferia de Ribeirão Preto após ser espancada por três PMs. Assim como nunca deixaremos cair no esquecimento o assassinato da trabalhadora Cláudia Ferreira da Silva, auxiliar de serviços gerais, arrastada por um carro da PM após ser baleada em um morro do Subúrbio do Rio. Descaso, crueldade, desrespeito não dão conta de exprimir o que significou ver as imagens de sua morte.

Somos mulheres e lutamos por uma vida que vale a pena ser vivida. Estamos no campo, na cidade, nas águas e nas florestas. Não nos conformamos e nem silenciamos diante das inverdades e manipulações orquestradas pelo poder midiático, pelo congresso e pelo poder judiciário, todos articulados e atuando para dar sustentação ao governo ilegítimo de Michel Temer e ao processo de ruptura da democracia em curso no país.

Estamos atentas e não passivas diante de todas essas atrocidades. Exigimos o fim da violência contra o povo negro, pobre e lutador deste país. Exigimos também justiça a todos os casos mencionados e aos tantos outros que não caberiam em quilômetros de papel. Nossa ação cotidiana vai fazer ruir os pilares da morte!

 

Fora Temer! Diretas Já!

Estamos de luto e em luta, seguiremos em Marcha até que todas e todos sejamos livres!

Marcha Mundial das Mulheres

Maio de 2017

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