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03/06: 24h de solidariedade feminista!

24h-2017

No dia 3 de junho, sábado, a Marcha Mundial das Mulheres convoca suas companheiras de todo o mundo para 24h de ação em solidariedade feminista pela paz e contra a guerra. No Brasil, estamos em um contexto de golpismo, violência, reformas neoliberais e ataques conservadores às e os trabalhadores, às mulheres, às populações negras, indígenas, quilombolas e LGBT. No resto do mundo, os governos de direita, a xenofobia, o racismo, as guerras declaradas e não declaradas também formam uma realidade que precisa ser transformada urgentemente. Diante disso, um dia de solidariedade feminista colabora para organizarmos nossa ação em nossas regiões e no mundo inteiro.

No Brasil, estamos em marcha pelas eleições diretas já, contra o governo golpista de Temer, suas reformas e o autoritarismo da repressão e da criminalização dos movimentos sociais. Participamos de datas nacionais de mobilização, como a Greve Geral do dia 28 de abril, o 1º de maio e as manifestações recentes em Brasília, no dia 26 de maio. Neste dia 3 de junho, organizaremos ações pelo Brasil contra a guerra alimentada pelo capitalismo e suas grandes empresas corporativas. Até agora, temos agenda em Natal, capital do Rio Grande do Norte, onde as militantes farão atividades nos bairros e universidade e colagem de lambe-lambe; e faremos um debate nacional online, também às 12h, com militantes da MMM de vários estados. Neste debate, pontuaremos nossa crítica ao militarismo e às suas expressões no Brasil, tanto no genocídio e na violência de Estado presente nas regiões pobres das cidades, quanto na repressão às mobilizações populares. O debate estará disponível em tempo real na nossa plataforma do YouTube, que será divulgada em nossas redes sociais.

Abaixo e neste link está disponível a declaração internacional da MMM:

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PELA PAZ E CONTRA A GUERRA:

Chamado para as 24 horas de ação de solidariedade feminista em todo o mundo

 

Neste sábado, 3 de junho de 2017, das 12h às 13h, una-se a nós em uma ação solidária pela paz em todo o mundo. Você pode se manifestar, escrever uma mensagem ou simplesmente tirar uma foto, gravar um vídeo e enviá-lo para nosso Facebook internacional (www.facebook.com/marchemondialedesfemmes) e envie-o para nosso e-mail: [email protected]

 

Ser mulher é viver constantemente em guerra. Repetimos essa frase durante nossa 4ª Ação Internacional em 2015, ao falar sobre o que vivem as mulheres em seus lares, comunidades e territórios. Durante nosso 10º Encontro Internacional, em Maputo, em outubro de 2016, houve consenso sobre o fato de que a violência e o terrorismo estão se espalhando por todo o mundo a passos largos. A ofensiva conservadora e a militarização da vida cotidiana das mulheres passaram a ser uma tendência por todos os lados.

De norte a sul, de leste a oeste, as mulheres sofrem os efeitos e as consequências da ocupação territorial por parte dos regimes imperialistas coloniais, que subjugam os povos em condições sub-humanas, através de assassinatos e encarceramentos traumáticos, enquanto o resto do mundo contempla em silêncio. Isso é uma guerra.

Estamos sendo testemunhas da ascensão de governos de extrema direita em muitos países, que impõem um retrocesso nos direitos que foram conquistados graças às lutas populares pela justiça, liberdade e igualdade. Incitam a intolerância, o ódio e a guerra contra minorias, migrantes, negras, indígenas, incitam também a criminalização dos movimentos sociais e a repressão às mobilizações. Além disso, esses governos estão forçando a aplicação de agendas neoliberais muito mais radicais, que defendem os interesses de corporações transnacionais que apoiaram suas campanhas eleitorais.

Enfrentamos novas formas de colonialismo, em que esses governos, em conjunto com corporações transnacionais (TNC), invadem nações na África, Ásia e América Latina, realizando investimentos diretos e cooperação para o desenvolvimento. Essas corporações financiam eleições e manipulam governos nacionais, através de propina e outros “mecanismos de ajuda”, e sob o guarda-chuva dos Tratados de Livre Comércio e outras políticas neoliberais. Usurpam terras de camponeses, comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas; desalojam famílias e comunidades inteiras, e as afastam de sua forma de ganhar a vida e dos recursos naturais, que são essenciais para a vida. Nesses contextos, as comunidades são obrigadas a suportar a extrema pobreza, a violência, o genocídio e o medo com relação ao seu presente e futuro. As mulheres pagam caro enquanto lutam para assegurar meios de sobrevivência para suas famílias, são exploradas em trabalhos não remunerados e muitas vezes acabam na prostituição ou em casamentos precoces, forçados, com um futuro embargado.

A militarização de nossas vidas passou a ser comum em todo o mundo. As superpotências produzem o armamento e o vendem a países que interessam economicamente. As nações africanas são seus mercados preferidos, principalmente os países da África Ocidental e outros, como República Centro-africana, a República Democrática do Congo e o Moçambique. Essas corporações fomentam a dívida ao vender armas aos governos nacionais, a milícias e grupos paramilitares, que criam guerras civis e ataques terroristas em todo o território.

Enquanto os povos lutam entre si, as TNC intensificam suas operações extrativistas e recuperam o pouco dinheiro que pagam em impostos na forma de pagamentos de dívida. Nessa conjuntura, os governos nacionais carecem de capacidade para oferecer serviços básicos, como saúde, educação, água e saneamento, moradia, transporte público; não há espaço para a construção de instituições democráticas. A violação dos direitos das mulheres e crimes gerais aumentam quando os sistemas judiciários só defendem e protegem os interesses das elites políticas e a impunidade das TNC. Isso é uma forma de guerra.

A democracia foi destruída e não é possível realizar eleições justas, o que mantém governos ditatoriais no poder durante muitos anos. Os direitos constitucionais e as leis são manipuladas e mudam conforme os interesses de algumas elites. Fomos testemunhas de prisões e assassinatos de militantes e do fechamento de suas organizações na Turquia, Burundi e em muitas outras partes do mundo. As instituições regionais e mundiais não conseguiram mediar os conflitos e nem fomentar a transparência e responsabilidade com relação à gestão pública. No lugar disso, seguem legitimando essas ditaduras.

Milhares de pessoas são forçadas a migrar. Vivemos em um período histórico de mobilidade das pessoas em busca de um lugar em que possam salvar a sua vida e a de suas famílias. A África é o continente que recebe o maior número de migrantes: crianças, mulheres e homens migram de zonas rurais a urbanas, e de um país a outro.

Milhares de migrantes da África e Oriente Médio morrem no Mar Mediterrâneo tentando chegar à Europa para escapar de toda brutalidade causada pela guerra, a fome e as perseguições provocadas pelas elites capitalistas. As migrantes vivem em condições muito vulneráveis e enfrentam todo tipo de discriminação: sua cidadania não é reconhecida, não têm acesso a empregos, não podem viver com suas famílias, estão expostas à fome, a doenças e a muitas outras coisas. As pessoas que migram são seres humanos com conhecimentos, cultura e valores, e têm um papel a desempenhar na construção de um mundo melhor para todas.

Nós, militantes da Marcha Mundial das Mulheres, chamamos a todas as militantes, companheiras e aliadas de todo o mundo para que se unam a nós em uma ação solidária pela paz, no sábado, 3 de junho, das 12h às 13h. Compartilhe suas mensagens e demandas pela paz, contra a guerra, pelos direitos das migrantes, pelas mulheres que vivem em territórios ocupados, e pelos povos afetados pelas TNC.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

 

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