Entre os dias 8 e 10 de setembro de 2017, aproximadamente 170 mulheres estiveram reunidas no III Encontro Estadual da MMM-PE, que teve como tema “Resistência e Unidade Feminista em Tempos de Golpe” que se realizou no Centro de Formação Paulo Freire, no Assentamento Normandia, em Caruaru.
A Marcha Mundial das Mulheres em PE construiu o primeiro Encontro Estadual em 2009, em Recife e teve como finalidade preparar e mobilizar a militância para a 3ª Ação Internacional da MMM, que aconteceu em São Paulo, no ano de 2010. O segundo Encontro, ocorreu em julho de 2014, com o tema “reforma política, feminismo e a organização da Marcha no Estado” e foi realizado na sede do Movimento de Trabalhadores(as) Rurais do Nordeste, o MMTR-NE, em Caruaru. E, em 2017 foi construído O III Encontro que reuniu mulheres de todas as regiões do Estado discutindo prioritariamente a conjuntura atual e os impactos para a vida das mulheres, problematizando especialmente o trabalho, a violência e as reformas antidemocráticas do governo ilegítimo. Diante disso, o nosso objetivo foi/é de elaborar um plano de lutas e definir a organização e fortalecimento da Marcha no Estado.
O encontro foi recheado de mística, animação e cuidado coletivo. Desde a Ciranda coordenada por educadoras do Movimento Sem Terra, espaço que acolhe as crianças e possibilita a participação de todas as mulheres no debate político, até a troca de muito carinho e lembranças do encontro. Passando ainda pelo resgate da história da Marcha e de lutadoras do povo e símbolos que fortalecem a solidariedade entre as mulheres, como a boneca Abayomi. Teve ainda a Batucada Feminista e muita cultura com a apresentação da cantora Gabi da Pele Preta e o Trio Pé de Serra As Fulô, composto por mulheres de Caruaru.
Os debates foram iniciados com a análise da conjuntura internacional e nacional com a contribuição das companheiras da executiva nacional da MMM. Bernadete Esperança iniciou a análise apontando que o contexto atual é de crise mundial do sistema capitalista, que precisa explorar ainda mais a classe trabalhadora e em alguns países da América Latina, como o Brasil, se expressa na forma de golpe a democracia, que tem o objetivo de aplicar o receituário neoliberal, com retirada de direitos da classe trabalhadora, entrega de bens naturais ao capital, privatização, etc. A reflexão sobre a conjuntura também contou com a participação de Maria Fernanda que abordou de que maneira após um período de conquistas embora que com limites, vivemos em tempos de golpe parlamentar, período marcado por uma ofensiva neoliberal que vem desobrigando o Estado na garantia de direitos, perda da nossa soberania e reformas que atacam a classe trabalhadora e as mulheres trabalhadoras em particular, além da propagação de um pretenso “feminismo” apoiado na ideia de “empoderamento” individual, distinto do empoderamento que se apoia nas lutas populares e na ação coletiva.
A tarde, foi o momento dedicado a construção do diagnóstico sobre a realidade das mulheres no Estado de Pernambuco, articulando trabalho, violência e as reformas trabalhista e da previdência. A partir da contribuição de Gabriela Pessoa, Andrea Butto e Gleisa Campigotto foram apresentados dados nacionais e estaduais sobre o tema, os efeitos das reformas sobre as mulheres e os subsídios iniciais para o debate sobre o plano de lutas, pois para superar a desigualdade é necessário garantir mobilização e a auto-organização das mulheres e da classe trabalhadora. Também foi reafirmada a necessidade de articular o nosso plano de lutas à agenda da Frente Brasil Popular, a exemplo das suas caravanas e comitês pelo Estado.
No domingo de manhã, a reflexão seguiu com a importância da auto-organização das mulheres, da organização popular, da luta de massas, da formação, da autonomia financeira do movimento, da política de alianças. Contou com a participação de Ranuzia Netta que abordou a importância da auto-organização das mulheres e sua relação com a construção da MMM no estado de Pernambuco, e Elisa Maria que abordou a diversidade de iniciativas de fortalecimento da nossa auto-organização: “Olhamos para o que nos faz, o lambe feminista, a batucada, olhamos para as experiências que já construímos como os bazares, as escolas de formação feminista” e apontou a necessidade de dar saltos maiores “com a consolidação da Marcha no Estado e a coordenação das lutas a nível estadual e regional”. Depois foi apresentada a coordenação estadual, composta pelas militantes das três regiões em que a Marcha está inserida (Sertão, Agreste, Recife e Região Metropolitana), pela FETAPE e pelo MMTR que consolidará o plano de lutas. Confira a carta às Mulheres de Pernambuco, síntese política do Encontro.
Confira a carta política do encontro clicando aqui.
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