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Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres pauta resistência feminista global

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Entre os dias 22 e 28 de outubro, o País Basco recebeu o 11º Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres. Foi um espaço potente e diverso, onde representantes da MMM de todo o mundo compartilharam as experiências do movimento desde seus territórios e colaboraram para a construção de uma agenda feminista comum para os próximos tempos.

O Encontro contou com a presença de 42 representações de territórios e países do mundo todo. Das Américas, estiveram presentes representantes de 12 coordenações nacionais. E, desde o Brasil, foram militantes vindas de três estados do país, além de Nalu Faria, que coordena, junto à chilena Mafalda Galdames, a Marcha Mundial das Mulheres nas Américas.

 

20 anos de luta

Este 11º Encontro marca 20 anos desde o primeiro Encontro, que aconteceu em 1998, no Quebéc. Desde então, a Marcha Mundial das Mulheres vem organizando uma mobilização feminista permanente, que atravessa as fronteiras. Assim, pôde construir uma visão internacional conectada às realidades locais, intervindo com ações desde os territórios.

O que norteia o movimento é uma visão feminista anti-sistêmica, anticapitalista, que pretende alterar as estruturas da sociedade como um todo para construir um mundo de igualdade, liberdade e solidariedade. Desde 1998, foram 4 Ações Internacionais, 11 Encontros Internacionais, e inúmeras manifestações, formações, campanhas e lutas das mulheres do mundo todo. E seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

 

Um olhar global para a conjuntura

“Vimos que temos muitos pontos em comum na análise do contexto mundial, da perspectiva de que estamos sob uma ofensiva neoliberal da extrema direita, com um aumento do conservadorismo no mundo, e como isso permeia, sobretudo, nossas vidas enquanto mulheres. Esse sistema tem como estratégia colocar as mulheres no centro do ataque, mas nós também reagimos como um centro de resistência”, refletiu Bernadete Monteiro, de Minas Gerais, presente no Encontro.

O Encontro contou com espaços de socialização sobre a luta das mulheres ao redor do mundo e os desafios a serem enfrentados. Foram marcantes os temas da migração, da superação do racismo, dos conflitos armados, da exploração dos bens comuns e do avanço do neoliberalismo sobre os territórios, que atingem diretamente a vida das mulheres. O Encontro foi também um espaço para debater temas como a precarização da vida das mulheres, a sobrecarga de trabalho, a violência, junto a um permanente controle dos corpos e imposição de padrões que impedem o direito de decidir e exercer uma sexualidade livre.

“Ainda estou tentando aprofundar mais minha percepção em torno das empresas transnacionais e a exploração que elas fazem nas regiões. Também a questão da militarização, que foi muito forte nos países com diferentes nuances, seja nos conflitos do Estado, seja em regiões militarizadas como aqui no Brasil”, trouxe Elaine Monteiro, do Rio de Janeiro.

Para Verônica Santana, do MMTR-NE, o Encontro foi um espaço importante para “entender o contexto internacional que estamos vivenciando bem de perto aqui no Brasil, como o avanço do fascismo. Trata-se de entender que esses fenômenos sempre acontecem porque fazem parte do próprio sistema capitalista: as crises e o conservadorismo são fruto do próprio capital se reformulando. Nós precisamos entender como isso afeta diretamente os corpos das mulheres e como as mulheres têm buscado construir estratégias de resistência a partir de suas próprias realidades e seus territórios”.

 

Uma agenda feminista

O Encontro Internacional decidiu algumas datas importantes para a agenda da MMM ao redor do mundo. As mulheres reunidas indicaram, para o calendário de mobilizações de 2019, os dias 24 de abril (data em que se organiza as 24h de Solidariedade Feminista, ação global de reivindicações feministas sobre o tema do trabalho) e 17 de outubro (Dia Mundial de Combate à Pobreza), além do dia 08 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres. Além disso, também houve eleição de representantes do Comitê Internacional da MMM, responsável por acompanhar e coordenar o movimento nas regiões do mundo.

O Encontro tinha como objetivo central debater a 5ª Ação Internacional da MMM, que acontecerá em 2020. O debate reforçou a necessidade de construir uma ação que afronte o contexto atual, que reforce uma visão ampla sobre o feminismo, integrando o debate de classe e raça e explicitando as conexões de controle dos territórios, dos corpos e do trabalho. Para isso, é crucial posicionar nossa visão de uma economia pensada para a sustentabilidade da vida, e não do mercado.

No Encontro, foi proposto um lema, em construção: “Resistimos para viver, marchamos para transformar!”. Para Bernadete, o lema sintetiza que “estamos nesse contexto duro e, ao mesmo tempo, queremos produzir esse movimento que seja forte, massivo, unitário e permanente para que a gente realmente transforme o mundo”.

O lema dá o tom do que queremos construir para a 5ª Ação Internacional da MMM, que acontecerá em 2020. Para Verônica, “construir 2020 significa começar a marchar agora. As nossas próximas ações irão aglutinar para esse grande passo que daremos em 2020. Precisamos internalizar esses temas em nossas ações, fortalecer a Marcha, tanto entre as mulheres com quem já estamos dialogando, quanto com aquelas que ainda não conhecemos, a partir do espaço do diálogo”.

A declaração final do Encontro está disponível em nosso site em português e espanhol.

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