Nesta quarta-feira (24), mulheres de partes diversas do Brasil e do mundo saíram às ruas para uma ação internacional de solidariedade feminista. Desde 2013, o dia 24 de abril se tornou uma data em que denunciamos a precarização do trabalho e da vida das mulheres e lembramos a tragédia de Rana Plaza, o edifício que desabou em Bangladesh, matando mais de mil trabalhadoras e trabalhadores, que atuavam em condições precárias e desumanas, escancarando a lógica biocida do capitalismo. 80% das pessoas mortas eram mulheres. Das mais de 2.500 feridas, muitas perderam permanentemente a capacidade de trabalhar.
No dia anterior ao desabamento, uma imensa rachadura havia se aberto no prédio, deixando claro que ali não era um lugar adequado para tantas pessoas. As trabalhadoras e trabalhadores se recusaram a entrar, porém, a ameaça de perder o emprego obrigou-os a mais um dia de jornada. Desde então, esta é mais uma data em que denunciamos as empresas transnacionais, que pensam no lucro e, que para garanti-lo, deixam até mesmo as trabalhadoras e trabalhadoras em um prédio prestes a desabar.
Neste ano, no Brasil, fomos às ruas contra a reforma da previdência, que quer roubar nosso direito à aposentadoria, aumentar ainda mais os lucros dos bancos e beneficiar todo o empresariado. O fim da aposentadoria é ainda pior para as mulheres. Somos a maioria entre as pessoas desempregadas e ocupamos os piores empregos, sem carteira assinada. Além disso, somos as principais responsáveis por cuidar das casas e das pessoas e, por isso, ficamos mais tempo fora do mercado de trabalho formal.
A situação da maioria de nós é que ao longo de nossas vidas ficamos alguns períodos sem contribuir para a previdência, mesmo trabalhando. É por isso que a maioria se aposenta por idade. A cada 100 mulheres aposentadas na cidade, 66 se aposentou por idade. A proposta do Bolsonaro é aumentar a idade das mulheres para aposentar, além de aumentar o tempo de contribuição de 15 para 20 anos. Pesquisas dizem que se essa proposta passar muitas mulheres não terão a menor chance de se aposentar, porque a maioria não consegue contribuir por 20 anos.
“A reforma da previdência precariza nossas vidas! Privilegiados são os bancos”, foi o nosso mote nesta ação. Veja registros de intervenções pelo país.
Fortaleza (CE)
Em Fortaleza, as mulheres coletaram assinaturas contra a reforma da previdência e fizeram piquete na frente da agência do Bradesco dos Peixinhos, antigo Banco do Estado do Ceará/BEC, privatizado pelo governo Tasso Jereissati. “Somos feministas contra a exploração e a precarização da vida em todas as partes do mundo!”, é o que reafirmaram.
Mossoró (RN)
Neste dia de Ação Global de Solidariedade Feminista, militantes da Marcha Mundial das Mulheres de Mossoró foram às ruas do centro da cidade pra dizer que são os bancos que vão lucrar com a reforma da previdência!
Caruaru (PE)
Em Caruaru, as mulheres fizeram intervenções no INSS, na prefeitura, no centro da cidade e também em frente aos bancos. “O governo ganha, os bancos lucram e só quem perde é você /nós mulheres brasileiras”, diziam as mensagens.
Recife (PE)
No Recife, as mulheres panfletaram em frente ao banco Bradesco da praça do Derby para um público majoritariamente de estudantes, trabalhadoras e trabalhadores.
Aracaju (SE)
Em Aracaju, as mulheres foram pra frente do banco Santander, junto de companheiras da educação, todas contra a reforma da previdência!
Brasília (DF)
No Distrito Federal, as mulheres panfletaram contra o fim da aposentadoria e dialogaram com pessoas do setor bancário. De megafone na mão, elas cantaram as músicas de batucada feminista da MMM.
Blumenau (SC)
As marchantes de Blumenau foram às ruas com faixas, cartazes, panfletos e abaixo-assinado contra a reforma da previdência. Elas passaram pela porta de diversas instituições bancárias, dialogando com as pessoas e reafirmando que os bancos é que serão privilegiados com essa proposta. O sistema de capitalização é isso: mais lucro para os bancos, nenhuma garantia para as pessoas.
Florianópolis (SC)
Em Florianópolis, as militantes feministas também ergueram seus cartazes contra a PEC da Previdência. A proposta, junto de outras políticas neoliberais e do fim do reajuste real do salário mínimo, pune justamente os mais pobres.
Porto Alegre (RS)
As mulheres de Porto Alegre dialogaram por horas com a população, expondo a perversidade da reforma da previdência. Além disso, elas coletaram muitas assinaturas contra essa proposta. De acordo com os relatos, teve até fila para assinar!
Santana do Livramento (RS)
Em Santana do Livramento, teve banca de informações e panfletos da MMM junto com as professoras, que serão especialmente prejudicadas se essa reforma passar. Rolou panfletagem, lambe-lambe e coleta de assinaturas contra o fim da aposentadoria.
Belo Horizonte (MG)
Em Belo Horizonte, militantes da Marcha estiveram na Praça Sete com batucada, varal de lambes e este esqueleto “à espera da aposentadoria”. Se não nos mobilizarmos, vamos morrer sem nos aposentar!
São Paulo (SP)
Em São Paulo, a atividade das mulheres contou com intervenção artística de integrantes do grupo teatral Mal-Amadas e panfletagem na região central, que concentra bancos e outras instituições financeiras. Um “banho de sangue” simbólico expôs para a população os interesses dos bancos em lucrar, mesmo que isso nos custe muitas vidas.
Ubatuba (SP)
Em Ubatuba, as mulheres foram para o centro coletar assinaturas contra a reforma da previdência e puderam ver que as pessoas estão contra essa proposta e entendem que o governo Bolsonaro quer prejudicar as trabalhadoras e os trabalhadores.
Campinas (SP)
Em Campinas, as mulheres fizeram uma panfletagem dialogando sobre o quanto o fim da aposentadoria é terrível para as mulheres. Elas também convidaram as pessoas para assinar o abaixo-assinado contra a reforma. A adesão foi boa e elas distribuíram todo material que levaram.
Vitória (ES)
Das 12h às 13h, as mulheres da Marcha Mundial panfletaram em frente à Universidade Federal em Vitória, denunciando a reforma da previdência. Em seguida, fizeram uma roda de conversa e convocaram para os próximos dias de luta!
A luta das mulheres e de toda a classe trabalhadora é permanente. Quanto mais nos organizarmos e nos fortalecermos, mais chances temos de barrar essa reforma e lutar pela aposentadoria que queremos: solidária e universal, livre do neoliberalismo!