Em tempos difíceis de pandemia, torna-se ainda mais evidente a necessidade de que a sustentabilidade da vida e a solidariedade sejam postas como centrais em nossas ações. A garantia das condições materiais de vida da população, tanto na esfera produtiva como reprodutiva, passa por construirmos ações concretas: tanto no âmbito coletivo e estrutural, colocando a economia a serviço da vida, quanto no âmbito individual, para que combater a miséria, a pobreza, a fome, o excesso de trabalho (dentro e fora de casa), a precariedade do sistema público e gratuito de saúde e o aumento da violência.
Nesse sentido, a Marcha Mundial das Mulheres tem organizado ações de solidariedade em vários estados do país, junto a outros movimentos sociais e organizações populares, com o objetivo de atuar com as mulheres e populações em situações de maior vulnerabilidade na pandemia do coronavírus. É tempo de colocar a vida no centro, a solidariedade em primeiro lugar. E, ao mesmo tempo, lutar por medidas emergenciais, pelo direito à saúde, por trabalho digno, pela taxação das grandes fortunas e para colocar #ForaBolsonaro e seu governo genocida!
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Em Alagoas, as mulheres da Marcha estão se reunindo virtualmente junto à Frente Feminista para construir uma campanha de solidariedade para as pessoas mais carentes e produção de materiais visuais com as seguintes pautas centrais: #ForaBolsonaro; Revogação da Emenda Constitucional 95 (do teto dos gastos); chega de violência contra as mulheres.
No Amazonas: em Manaus, em conjunto com outros movimentos sociais, a MMM realizou coleta e entrega de vinte cestas básicas para as mulheres da periferia e também estão produzindo máscaras para doação. Em Parintins, as mulheres estão partilhando conhecimento sobre medicina natural. Por lá, estão incentivando a produção de sabão líquido caseiro. A arrecadação de recursos para distribuição de novas cestas básicas continua e foi formada uma equipe para ajudar as mulheres a se cadastrarem para receberem o auxílio emergencial.
Devido ao aumento dos casos de violência doméstica já registrado em algumas cidades nessa pandemia, as mulheres da MMM do Espírito Santo lançaram nas redes uma campanha de orientação para as mulheres capixabas durante a quarentena com os principais serviços de atendimento à mulher para que todas saibam onde recorrer (mais informações em https://tinyurl.com/ybua4pxd).
As mulheres da MMM do Maranhão estão construindo, juntamente com outros movimentos sociais, o Solidariza SLZ, que é uma rede de solidariedade às famílias chefiadas por mulheres em condições de vulnerabilidade. As famílias foram mapeadas por regiões e estão sendo angariados alimentos e recursos financeiros para a realização da ação. Cestas básicas já foram distribuídas nas residências dessas mulheres. Além da rede, está sendo realizado uma Rifa Solidária, em que parte do valor arrecadado será destinado à aquisição de alimentos para dar sequência às doações das cestas básicas. A outra parte da arrecadação será destinada às atividades rumo à 5ª Ação Internacional. Juntamente à Coordenadoria da Mulher do município de São Luís, as militantes da MMM, moradoras do bairro Argola e Tambor, localizado na periferia da ilha, estão produzindo máscaras, com o intuito de distribuir à quem esteja precisando.
Em São José dos Pinhais, Paraná, as militantes organizaram o Coletivo Solidário, com o objetivo de arrecadar roupas, alimentos, garrafas pet, tecido para máscaras, elástico e produtos de higiene para doação e produção de máscaras de pano.
Em Pernambuco, são várias atividades pelo estado: em Caruaru, a Marcha está participando da iniciativa da Frente Brasil Popular com o MST. A principal ação é a “Marmita Solidária”, uma distribuição diária de alimentos que acontece no Armazém do Campo, com meta de 300 marmitas produzidas e distribuídas por dia na cidade. Por todo o estado, já são distribuídas 1.500 marmitas por refeição (café da manhã e jantar) todos os dias. Também em Caruaru, algumas companheiras da MMM se somaram às costureiras do Polo Têxtil e outras mulheres na confecção de máscaras de pano para distribuição. Já em Recife e Paulista, a Marcha e outras organizações locais realizaram uma campanha de conscientização e melhoria das condições de vida das mulheres para prevenir a contaminação pelo COVID 19 nas comunidades de Palha de Arroz, Coque e 15 de Novembro. Está sendo produzido sabão e material de limpeza e havendo arrecadação de cestas básicas e produtos de higiene. Além dessas atividades, a Escola Feminista Popular Soledad Barrett teve continuidade, para não interromper os laços entre os diferentes bairros da periferia do Recife/Olinda.
Atuando em conjunto com outras organizações, a Marcha Mundial das Mulheres do Rio Grande do Norte e o Centro Feminista 8 de Março (CF8) estão engajados em campanhas de solidariedade para garantir a distribuição de alimentos em 15 municípios. A arrecadação desses alimentos será feita no dia 24 de abril em pontos de recebimento pré-definido pelas militantes dos municípios participantes. Além dessa campanha, o CF8 enviou uma solicitação ao governo do estado explicando a situação de diversas mulheres e também fez um levantamento dos dados de grupos e associações de 28 comunidades rurais que são acompanhados pela entidade para cadastro em campanha de doações de alimentos não perecíveis e materiais de limpeza e higiene. Outra ação que a MMM abraça neste momento é a Campanha de Solidariedade da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo (mais informações em https://tinyurl.com/y88lp3yr).
Militantes da MMM de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, estão envolvidas em campanha de arrecadação de alimentos não perecíveis, e produtos para higiene pessoal e da casa para doação para mulheres que se encontram em situações mais vulneráveis na pandemia. Junto à Kizomba, também estão organizando doação de 300 cestas básicas para a Ocupação Aldeia Zumbi dos Palmares.
Muitas companheiras de Santa Catarina estão envolvidas em campanhas de solidariedade nas ocupações urbanas em atendimento à população de rua. Em diversas regiões, a MMM está atuando em parceria com a comunidade e outros movimentos para auxiliar na divulgação de informações e no trabalho jurídico. Um grupo de costureiras está confeccionando máscaras em um dos bairros mais populosos de Florianópolis. As companheiras também integram um coletivo antifascista que atua há quase dois anos compartilhando refeições vegetarianas com a população de rua mensalmente. Nesse período de pandemia, o apoio do grupo se intensificou, sendo distribuídas refeições várias vezes por semana, além de roupas, kit de higiene, máscaras, cobertores e sacos de dormir.
Em Sergipe, a Marcha e mais três grupos locais se uniram na campanha de doações de alimentos e material de higiene pessoal e de limpeza para mulheres de ocupações urbanas. Além disso, juntamente com o Conselho Municipal do Direito da Mulher, estão sendo arrecadados materiais para confecção de máscaras para as detentas do estado. Uma ação de conscientização também está sendo realizada nos bairros através de bicicletas com som chamando todas as mulheres a não se calarem e a se ajudarem diante dos novos desafios enfrentados durante a quarentena.
Em São Paulo, a Marcha está apoiando uma campanha de arrecadação online para ajudar pelo menos 50 mulheres da Economia Solidária. As mulheres estão em ação permanente, fortalecendo as redes de agricultoras, divulgando ações de captação de alimentos para mulheres em situação de prostituição e iniciando formações online sobre violência doméstica.
No Tocantins, foi criada uma rede feminista de solidariedade pela vida das mulheres para fazer o acolhimento e dar orientações para as mulheres que estiverem em situação de violência. A campanha online foi orientada pelo panfleto da MMM “Sem culpa, nem desculpa! Mulheres livres da violência”.
Por todo o Brasil e o mundo, a solidariedade é um dos eixos fundamentais da ação da Marcha Mundial das Mulheres. Por isso, mesmo na situação de isolamento, estamos em ação permanente para colocar a sustentabilidade da vida no centro da sociedade.