Mais uma vítima da violência no Rio de Janeiro: Kathlen Romeu tinha 24 anos e estava grávida quando foi atingida por uma bala perdida durante operação policial no complexo do Lins, zona norte da cidade.
Kathlen era modelo, designer de interiores e trabalhava como vendedora na zona sul carioca. Ela e seus pais se mudaram do bairro em que moravam por medo da violência. Em uma visita à avó, que ainda morava na comunidade, Kathlen foi atingida pelo tiro. Um disparo certeiro, que levou à morte ela e o filho que esperava. Kathlen e a avó caminhavam na rua quando foram surpreendidas pela ação policial, em plena luz do dia. Não havia sinais de operação policial, nem nada que sugerisse um possível confronto no local.
A insistência da polícia carioca em promover operações nas favelas durante a pandemia (apesar da proibição do STF) tem feito a população preta e favelada do RJ sofrer ainda mais nesse momento tão difícil. Falta emprego, falta comida, falta saneamento básico e o direito a uma vida digna. Para a negritude, falta até mesmo o direito de viver.
Todo dia, famílias periféricas são destruídas por completo descaso das autoridades cariocas com a vida das pessoas negras e faveladas. De acordo com a plataforma Fogo Cruzado, desde 2017, 15 mulheres grávidas foram baleadas em operações da polícia no Rio de Janeiro. 8 delas morreram e 9 fetos não resistiram. A cada 23 minutos, um jovem negro morre. O caso de Kathlen não é isolado e acontece um mês depois da chacina do Jacarezinho, que deixou 28 pessoas mortas e um rio de sangue pra ser limpo pelos moradores.
Ainda segundo os dados da Fogo Cruzado, 79% dos baleados em maio foram atingidos em ações com a presença de agentes de segurança. Ou seja, temos investido em uma política de segurança pública que produz ainda mais vítimas de violência e não apresenta resultado real de pacificação para a vida das pessoas.
A Polícia Militar historicamente é instrumento de defesa da propriedade privada pras classes média e alta brancas e de controle e repressão para a população preta e pobre. Enquanto o conservadorismo de Damares e Bolsonaro reprimem o direito ao aborto das mulheres em nome do feto, diariamente mulheres pretas têm seu direito à maternidade cerceado, quando perdem seus filhos para a violência policial ou quando são elas mesmas o alvo.
No Rio de Janeiro, a população favelada sofre entre a guerra da PM com o tráfico e os abusos da milícia. Chega dessa política de extermínio do povo preto disfarçada de guerra às drogas! Queremos um projeto de segurança pública que coloque a vida no centro! Lutamos por paz e desmilitarização! Vidas negras importam!
Marcha Mundial das Mulheres