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Marcha Mundial das Mulheres de Alagoas vai às ruas de Maceió denunciar os crimes da Braskem

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Na manhã de 6 de dezembro, a Marcha Mundial das Mulheres de Alagoas se somou ao chamado dos movimentos sociais e foi às ruas de Maceió para denunciar os crimes cometidos pela Braskem, cobrando justiça e providências como o fim dos acordos, e a devida responsabilização da mineradora. O ato foi convocado pelo Movimento Unificado de Vítimas da Braskem e aconteceu na avenida Fernandes Lima até o centro da capital alagoana, parando em frente ao Ministério Publico, o Palácio do Governo, o Tribunal de Justiça até se encerrar na porta da Assembleia Legislativa do Estado. Participaram do ato os movimentos sociais e também dos grupos e pessoas de comunidades atingidas.
Desde o início da mineração de sal-gema na cidade de Maceió no final da década de 1970, especialistas e a população denunciam os riscos que a atividade poderia trazer aos moradores dos locais explorados e à natureza. Diante das consequências do crime ambiental, humano e político que vem sendo cometido sem nenhum impedimento há mais de 40 anos, denunciamos o silêncio das autoridades, desde a empresa, aos governos e órgãos responsáveis. Cinco bairros foram atingidos e a estimativa é de que cerca de 60 mil pessoas já foram desalojadas de suas casas a partir de acordos injustos com a empresa, ou de forma forçada com violência policial. A crise mais recente com repercussões nacionais e internacionais tem se dado após o risco de colapso da mina 18, localizada no bairro popular do Bebedouro.
Em 13 de dezembro, mais um ato tomou as ruas de Maceió para cobrar dos governantes ao nível municipal que tomem posições que verdadeiramente cuidem do povo.
A militante da MMM em Maceió, Edna Nobre, compartilha depoimento sobre como tem sido as mobilizações em busca de justiça para os atingidos pelas atividades da Braskem em Maceió.

Leia abaixo:
“As famílias desses grupos de atingidos são menos abastadas. Até hoje a Braskem nunca procurou ninguém para falar sobre o deslocamento dessas pessoas dali. Nós da MMM fizemos alguns cartazes com fotos das casas destruídas, são muitas casas. Conseguimos fazer um grandioso ato jantando as pessoas atingidas, movimento sindical, movimentos sociais, e fomos para as ruas denunciar a Braskem e denunciar para a população de Maceió que esse crime sempre foi escondido.
Todos sabiam que esse modelo de minas que eles estavam fazendo um dia ia ruir, e principalmente, a forma que estavam construindo essas minas. Esse é um crime político desumano porque ninguém pensava no povo. Pensam que se trata apenas de deslocar as pessoas pobres. Foram doze suicídios nessa região.
Ao longo de todo esse tempo os gestores, governantes, estaduais, municipais apenas silenciaram o caso. E muita coisa veio à tona: dinheiro que estavam recebendo, o próprio prefeito, recebeu muito dinheiro. Então foi o ato também chama atenção e mostra ao povo de Maceió que o problema não era só com aqueles bairros”.
Assista também ao vídeo gravado durante o ato do dia 6, no qual Maria José Silva, uma das companheiras mais antigas da MMM Maceió, denuncia a violência que a empresa Braskem tem cometido contra a história e o povo desse lugar:
A Marcha Mundial das Mulheres está comprometida com a luta contra as empresas transnacionais de todos os setores que, em todo o mundo, levam violência, destruição e empobrecimento. Essas empresas tomam territórios, exploram recursos naturais e exploram os corpos e o trabalho das mulheres. Lutamos por um mundo com justiça social, igualdade e por uma economia baseada na sustentabilidade da vida, em respeito e conformidade com o que é necessário à vida e com cuidado com a natureza.”

 

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