Manifesto da Marcha Mundial das Mulheres em Defesa de Vanessa Gil: quando tentam calar uma de nós, respondemos em coro

12/09/2025 por

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A Marcha Mundial das Mulheres vem a público denunciar a perseguição política contra nossa companheira Vanessa Gil, militante, pesquisadora e defensora incansável dos direitos humanos, que hoje responde a processo judicial por ter denunciado o vandalismo contra uma bandeira palestina. O que está em curso não é a apuração de um crime, mas a criminalização de uma voz. O que se busca não é justiça, mas intimidação.

O Ministério Público de Santa Catarina tenta enquadrar sua manifestação como antissemitismo, mas é preciso afirmar com rigor e clareza: criticar um Estado e suas políticas genocidas jamais pode ser confundido com ataque a um povo ou a uma religião. A Constituição Federal brasileira garante a liberdade de expressão como princípio fundante da democracia, e a Lei nº 7.716/1989, que tipifica crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, não pode ser usada como cortina de fumaça para blindar crimes de guerra cometidos por um Estado. A crítica às políticas coloniais e de apartheid de Israel não é antissemitismo. Pelo contrário, banalizar o antissemitismo dessa forma fragiliza a luta real contra o ódio dirigido ao povo judeu.

Vanessa Gil tem uma trajetória marcada pelo compromisso com a vida, com a justiça social e com a dignidade dos povos. Militante da Marcha Mundial das Mulheres, do Movimento BDS e do PSOL, ela dedicou sua trajetória acadêmica e política a compreender e denunciar as violências estruturais do patriarcado, do colonialismo e do capitalismo. Hoje, ao ser processada, ela se soma a uma longa linha de mulheres perseguidas por ousarem falar a verdade em voz alta. O alvo imediato é ela, mas a intenção é atingir todas nós, é instaurar o medo, é impor silêncio.

A Marcha Mundial das Mulheres não se cala. Não aceitaremos que a defesa da Palestina seja tratada como crime, que a solidariedade seja classificada como ódio, que a denúncia do genocídio em curso seja travestida de delito. Esse processo é uma afronta à democracia, ao direito internacional e à memória das mulheres que sempre estiveram na linha de frente das lutas por liberdade.

Denunciamos a seletividade desse processo e o uso da lei para proteger a máquina de guerra enquanto se tenta asfixiar a resistência popular. A tentativa de condenar Vanessa Gil a até cinco anos de prisão é um ataque direto à liberdade de expressão, mas também à própria soberania da luta feminista e anticolonial.

Nós, da Marcha Mundial das Mulheres, sabemos que não há feminismo possível em aliança com o colonialismo, com o racismo de Estado, com a militarização que transforma vidas em alvos. A luta feminista é inseparável da luta dos povos pela autodeterminação. A bandeira palestina vandalizada é símbolo de uma causa justa, e a voz que a defendeu é a mesma que nos convoca a resistir contra todas as formas de opressão.

A Marcha Mundial das Mulheres afirma, com toda a força do nosso corpo coletivo: Vanessa Gil não está sozinha. Sua voz é nossa voz, sua defesa é nossa trincheira. Cada mulher, cada movimento, cada coração indignado é convocado a erguer-se contra essa criminalização e a afirmar que solidariedade não é crime, é dever.

A Marcha Mundial das Mulheres reafirma: a luta de Vanessa Gil é a nossa luta. Exigimos sua absolvição e denunciamos a tentativa de intimidação de todas que ousam enfrentar a máquina de guerra e de morte. Defender Vanessa é defender o direito de lutar contra o genocídio do povo palestino, é defender a democracia, é defender a vida.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres. Vanessa Gil não está sozinha, e a nossa luta não será silenciada!

Marcha Mundial das Mulheres

12 de setembro de 2025

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