Primeiro dia do festival Ocupa Feminista teve programação de debates, oficinas e cultura
18/10/2025 por comunicadoras
Nesta sexta-feira, 17 de outubro de 2025, o centro da cidade de São Paulo viveu o primeiro dia do festival Ocupa Feminista, organizado pela Marcha Mundial das Mulheres. A atividade faz parte do encerramento da 6ª Ação Internacional do movimento, iniciada em março, que impulsionou ações em diversas partes do mundo e do Brasil. O lema internacional da Ação é: “marchamos contra as guerras e o capitalismo, defendemos a soberania dos povos e o bem viver”.
No Brasil, atividades regionais foram organizadas a partir dos eixos da economia feminista, enfrentamento à violência, desmilitarização e defesa dos bens comuns. Ao mesmo tempo que São Paulo recebe o festival, grandes atividades acontecem também nos estados do Rio Grande do Norte e de Santa Catarina.
Em São Paulo, o dia começou com uma manifestação de rua em defesa do povo palestino e com um banquete agroecológico. Assim, as mulheres convidaram as pessoas que vivem ou passam pelo centro a interagir com o festival, e compartilharam solidariedade e comida saudável, produzida sem veneno. O cortejo saiu da Praça Dom José Gaspar e caminhou até a Praça Paulo Kobayashi. Chegando na Praça Paulo Kobayashi, as militantes plantaram uma muda de oliveira, simbolizando a luta por uma Palestina livre e soberana.
Oficinas e conversas
A maior parte das atividades aconteceu na Câmara Municipal, mas também houve programação na livraria Tapera Taperá, no Museu da Diversidade e na Ocupação Antônia Maria, da Frente de Luta por Moradia (FLM). Oficinas sobre uso de ervas, colagem e captação audiovisual foram oferecidas para as participantes, que puderam colocar em prática conhecimentos ancestrais e práticas criativas. Oficinas de desenho, poesia, jogos e palhaçaria envolveram as crianças presentes.
Nas rodas de conversa, o coletivo Mulheres da Luz compartilhou discussões sobre a realidade das mulheres em situação de prostituição, e a quadrinista Aline Zouvi apresentou seu livro de quadrinhos “Pigmento”. Ela falou sobre a pesquisa que envolveu a criação da HQ, sobre os desafios enfrentados pelas mulheres quadrinistas e sobre a importância de fortalecer uma cena independente. Na atividade com as Mulheres da Luz, as participantes puderam ouvir perspectivas sobre os problemas de propostas de regulamentação da prostituição, sobre saúde mental, saúde sexual e reprodutiva, legalização do aborto, o estigma social sofrido pelas mulheres em situação de prostituição e a importância do coletivo como rede de apoio, respeito e transformação da realidade.
Mulheres livres da violência
Durante a tarde, um debate sobre enfrentamento à violência reuniu dezenas de participantes. Com o título “Sem culpa nem desculpa! Mulheres livres da violência”, o debate teve falas das companheiras Thamires Cruz (MAB), Neuma Cruz (CMP e União de Moradia), Bernadete Esperança (MMM-MG) e mediação de Elaine Monteiro (MMM-RJ). Esse foi o primeiro dos debates do festival que dialogam com o eixo temático “Fim da violência contra as mulheres, pela autonomia sobre nosso corpo e sexualidade”. As convidadas falaram sobre os enfrentamentos ligados à luta por moradia digna, energia e todos os bens comuns, contra o feminicídio e as violências machistas e patriarcais contra crianças e adolescentes.
Thamires trouxe a realidade das mulheres atingidas por barragens e por situações climáticas extremas, refletindo sobre a sobrecarga de trabalho doméstico, o adoecimento das mulheres e o aprofundamento das relações de dependência econômica. “Na construção de barragens, há um aumento de homens que vêm para trabalhar, e há uma crescente de violência”, afirma. “Somos empurradas a viver nas margens, porque não há política pública que ofereça moradia digna para essas mulheres, a não ser a luta por moradia popular”, completa Thamires.
Neuma falou sobre a importância das atividades auto organizadas pelas mulheres, como rodas de conversa, palestras e demais espaços que as fortalecem a sair de situações de violência. Para Bernadete, é preciso construir novas relações para que a violência não seja mais uma ferramenta do sistema capitalista, patriarcal e racista. “As mulheres dos movimentos constroem estratégias auto organizadas para construir políticas públicas e um outro mundo possível”, diz ela.
O show continua
Durante todo o dia, uma feira de economia solidária mostrou os artesanatos produzidos por mulheres da Associação de Mulheres da Economia Solidária de São Paulo (Amesol). Pela noite, três shows animaram as participantes e mostraram a força da cultura feminista na cidade: a cantora e violonista Yara Barros, o grupo Estrela Miúda e a roda de samba Batucamina. As atividades do festival seguem no sábado, 18 de outubro, durante todo o dia.







