Segundo dia do festival Ocupa Feminista encerra Ação Internacional da MMM em São Paulo

19/10/2025 por

O segundo dia do festival Ocupa Feminista aconteceu no último sábado, 18 de outubro de 2025. Organizado pela Marcha Mundial das Mulheres de São Paulo, o festival faz parte do encerramento da 6ª Ação Internacional do movimento. Iniciada em março, impulsionou ações em diversas partes do mundo e do Brasil, com o lema internacional “marchamos contra as guerras e o capitalismo, defendemos a soberania dos povos e o bem viver”.

No Brasil, atividades regionais foram organizadas a partir dos eixos da economia feminista, enfrentamento à violência, desmilitarização e defesa dos bens comuns. Ao mesmo tempo que São Paulo recebe o festival, grandes atividades acontecem também nos estados do Rio Grande do Norte e de Santa Catarina.

Diversidade de atividades
Pela manhã, o festival ofereceu diversas oficinas e debates. Uma oficina de fotografia trabalhou princípios para fazer boas imagens da luta feminista e contribuir na construção da memória coletiva com equipamentos acessíveis. Na oficina de xilogravura, as mulheres desenharam livremente, aprenderam técnicas para gravar em madeira e produziram cartazes. E, na oficina de cuidados digitais, as companheiras do MariaLab fizeram uma conversa sobre soberania tecnológica e práticas de segurança online. Pela tarde, as participantes se dividiram entre oficinas de capoeira, horta agroecológica, arte interativa, produção de podcasts, batucada e escrita, mostrando a diversidade de atividades culturais que envolvem o feminismo e a vida das mulheres.

Na livraria Tapera Taperá, aconteceram dois bate-papos. O primeiro, sobre o livro de crônicas “Cotidiano, eu me lembro”, contou com a presença da autora Marli Aguiar, que discutiu a presença do racismo em situações do cotidiano, e a necessidade de reagir coletivamente a ele. O segundo bate-papo, foi sobre a HQ “Giz”, que conta a história de uma criança palestina, e teve a presença de Pedagolítica, coautora da obra.

Na livraria Descabeça Livros, aconteceu o lançamento do livro “Uma história das mulheres Palestinas”, de Soraya Misleh, seguido do bate-papo sobre o livro “Resistência tem voz de mulher”, com a autora Evinha Eugênia, sobre a organização das mulheres na zona sul de São Paulo.

Durante todo o Ocupa, a exposição “Envelhecer LGBT” foi exibida no Museu da Diversidade, além de uma pequena exposição de fotografias e objetos de luta da Marcha Mundial das Mulheres e de arpilleras do Movimento dos Atingos por Barragens (MAB), exibida no espaço da Câmara Municipal.

E, pela noite, o show de Fernanda Ribeiro, com sua música de resistência, e da roda de samba Negras em Marcha, agitou as participantes na Ocupação Antônia Maria e fortaleceu, pela dança e pelo som, a conexão feminista.

Debates feministas
Pela manhã, o debate “LBTs na luta por autonomia sobre nossos corpos e sexualidade” foi um rico espaço de expressão dos desafios da comunidade LBT hoje, enfrentando armadilhas do neoliberalismo, como a usurpação de pautas pelo mercado e a adequação em “caixinhas” que tolhem a expressão das sexualidades e afetos não normativos. Ao mesmo tempo, aconteceu também a roda de conversa “Feministas construindo a luta antirracista”, que foi um espaço importante de elaboração e compartilhamento de experiências sobre o enfrentamento ao racismo no Brasil, preparação para a Marcha das Mulheres Negras e informação sobre campanhas importantes, como a campanha “Sonia Livre”.

Durante a tarde, um debate sobre saúde reprodutiva das mulheres tratou do tema do aborto livre, seguro e gratuito, reivindicação histórica e urgente das mulheres brasileiras. As participantes compartilharam processos de luta pela legalização do aborto na Argentina, onde a mobilização feminista foi vitoriosa na pressão pelo aborto legal, e debateram os o conservadorismo e demais entraves brasileiros para a legalização, que levam diariamente as mulheres à clandestinidade. E, na Ocupação Antonia Maria, da Frente de Luta por Moradia, uma roda de conversa sobre o papel das mulheres na luta por moradia trouxe à tona o lema “Nenhuma mulher sem casa!”, debatendo a resistência feminista e a sobrecarga de trabalho das mulheres para sustentar a vida nas cidades.

MMM em ação
Finalizamos o Ocupa Feminista com um grande grito pela legalização do aborto e por uma Palestina Livre, reunindo todas as participantes no pátio da Câmara. Em seguida, uma faixa pela legalização do aborto pendurada no Viaduto do Chá deixou o recado das feministas para a Prefeitura de São Paulo, exigindo a reabertura do serviço de aborto legal no Hospital Geral de Vila Nova Cachoeirinha.

“Legalizar o aborto, direito ao nosso corpo” foi o grito que ecoou no encerramento do Ocupa, que participou do encerramento nacional e internacional da 6ª Ação da Marcha Mundial das Mulheres. O movimento segue com uma agenda intensa de lutas em novembro, construindo a Cúpula dos Povos rumo à COP 30, em Belém, e a Marcha das Mulheres Negras, em Brasília.

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