A manhã do terceiro dia do IV Encontro Nacional de Agroecologia (IV ENA), em Belo Horizonte, foi dedicada a oficinas autogestionadas. Foram mais de 70 oficinas inscritas, com temas de debate e de mão na massa. A Marcha Mundial das Mulheres organizou a oficina “Agroecologia e criptografia”, que resulta dos acúmulos da conexão dos dois assuntos.
A oficina foi ministrada por Carla Jancz, dos coletivos Actantes e MariaLab, e contou com a presença de mulheres de norte a sul do Brasil. A conexão entre criptografia e agroecologia parece distante, mas na verdade não é. Carla defende que é necessário “entender a tecnologia como um bem comum, e não como um produto das grandes corporações”.
Isso se assemelha muito à forma como a agroecologia propõe entender a natureza: longe das empresas que privatizam, invadem, intoxicam e excluem as pessoas. “O crescimento das grandes corporações é posterior à criação da internet, e por isso a internet é um bem comum, como a água. Ela deveria ser de todas as pessoas”, completa ela.
A oficina partiu das experiências de uso da internet das próprias participantes, entre militantes, técnicas e agricultoras. Depois, Carla explicou como funciona a internet e quais os agentes envolvidos no envio de uma simples mensagem. A urgência da criptografia vem da segurança em não ter seus dados entregues a polícias (que querem controlar) ou empresas (que querem lucrar).
Alguns programas foram apresentados como alternativas aos programas inseguros que já conhecemos. A oficina também expôs qual é o funcionamento e as experiências das redes autônomas, desenvolvidas para uso em comunidades, independentes dos planos de internet convencionais.