Em Abril de 2023, em um torneio universitário em São Carlos (SP), estudantes de medicina da Universidade de Santo Amaro fizeram (ou simularam, enfim) uma masturbação coletiva em um jogo de vôlei feminino. Fizeram isso em quadra, para todos verem. O caso veio à tona recentemente, pois viralizou nas redes sociais.
Como uma espécie de demarcação, os futuros médicos deixaram claro o que acham das mulheres: são meros objetos, que servem para a diversão masculina.
A universidade alega que expulsou 6 dos cerca de 20 envolvidos (importante: somente após o caso vir à tona e ser pressionada). Tudo isso sem divulgar o nome de ninguém, é claro – porque quando o assunto é violência contra a mulher, o nome dos agressores fica em sigilo, devidamente protegido, ainda mais se tratando de homens brancos e provavelmente endinheirados.
A violência contra a mulher existe em todos os espaços onde há convivência entre homens e mulheres, porém, em alguns cursos universitários, é quase como se ela fosse institucionalizada. Cursos tidos como “tradicionais”, como a medicina, são um prato cheio para a misoginia. E as universidades permanecem em silêncio, prezando pela sua “imagem”. Lembram da CPI das violações dos direitos humanos nas universidades paulistas e do caso do estudante de medicina da USP que se formou mesmo com 6 acusações de estupro contra ele?
A não punição dos agressores acaba reforçando a ideia de que é permitido agredir mulheres, quase parte da “natureza masculina”. Reforça a ideia de que nossas vidas, nossa integridade psicológica e física não importam, somos seres de segunda categoria – afinal, podem nos estuprar, nos violentar, masturbar-se durante nossas competições esportivas, que a ação por parte das instituições é um tremendo monte de nada.
Punir, nesses casos, é pedagógico no sentido de mostrar que os crimes contra as mulheres não são menores, e nossas vidas importam como qualquer outra. Isso também é importante para formar futuros médicos – que, durante sua trajetória profissional, atenderão diversas mulheres. Deve-se punir os agressores de acordo com as competências administrativas e acadêmicas da instituição e encaminhá-los para as autoridades jurídicas.
Além disso, a universidade precisa investir em uma estrutura de atendimento às vítimas, formação humanizada para seus estudantes, assim como promover espaços de discussão sobre violência de gênero. A universidade tem responsabilidade na formação de profissionais éticos, responsáveis, que lutem contra as mais diversas formas de violência, em vez de reforçá-las ou mesmo realizá-las.
A Universidade Santo Amaro precisa fazer mais, ou podemos afirmar que a instituição preza mais pelos 20 misóginos do que pela vida de suas próprias alunas? O que já deve ter acontecido nessa universidade que nós não ficamos sabendo porque não viralizou? E olha que tudo isso ocorreu em Abril!
Não admitiremos esse tipo de atitude! Basta de violência contra a mulher!