Seis horas da manhã de hoje (16) e cerca de 200 mulheres já estavam de pé, na escola de artes, em Mossoró, prontas para participar das atividades das caravanas agroecológicas feministas, que percorreram 6 rotas no estado do Rio Grande do Norte. As participantes saíram em caravanas organizadas para acompanhar experiências de grupos de mulheres nos municípios de Grossos, Tibau, Upanema, Caraúbas, Patu, Apodi, Macaíba e São Gonçalo.
As caravanas fazem parte das atividades da Virada Feminista Agroecológica e Cultural, que marca o encerramento das atividades da 4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres. Passando por comunidades indígena, quilombola e rurais, as atividades tiveram a participação de mais de 300 mulheres ao todo, com o objetivo de dar visibilidade ao protagonismo das mulheres que, através da auto-organização, constroem alternativas para a autonomia de suas vidas e de seus territórios.
Na Associação Quilombola do Jatobá, em Patu, o destaque foi para o protagonismo das mulheres na conquista do título quilombola e o debate do feminismo antirracista. Em Caraúbas, a temática do Feminismo e Economia Solidária foi apresentada a partir das experiências de hortas coletivas do assentamento 1º de Maio, a organização e gestão das mulheres nas associações comunitárias de Mariana e a Feira Feminista de São Geraldo. O debate em Upanema foi em torno do Feminismo e a Convivência com o Semiárido através das visitas aos quintais onde foram implementados o projeto Água Viva, de reuso de água cinza.
Já em Grossos e Tibau as mulheres acompanharam o trabalho das marisqueiras de Grossos e a organização das pescadoras, agricultoras e artesãs tibauenses no que chamam de luta feminista pela terra e pelo mar, em que, atualmente, mais de 200 famílias de Lagoa de Salsa e Vila Nova I (Tibau/RN), junto à Ariza e Vila Nova II (Icapuí/CE) buscam o direito de continuar vivendo e produzindo em suas comunidades. A reintegração de posses destas terras é movida pelo interesse de vender a propriedade para a instalação de parque eólico.
A visita à Apodi passou por Caiçara, Palmares e Mansidão/Melancias para mostrar as experiências de quintais produtivos, beneficiamento de frutas e a resistência ao projeto do perímetro irrigado do DNOCS na Chapada. Em Macaíba e São, na comunidade indígena de Lagoa do Tapará, o debate foi sobre o feminismo e a luta indígena.
Conceição Dantas, da Marcha Mundial das Mulheres, explica a importância da Caravana Agroecológica Feminista: “Essa caravana tem o sentido de dizer para a sociedade que as mulheres não só protestam contra o que não querem, mas elas têm alternativas para o que querem, para transformar a vida delas e o território aonde elas vivem e se desenvolvem”.
As atividades da 4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres CE/RN têm continuidade neste sábado (17) com a oficinas e programação cultural nos bairros Nova Vida, Lagoa do Mato e Santa Delmira. Acontecerá também, a partir das 8h o Seminário Corpos e Territórios: Resistências e Alternativas que reunirá cerca de mil mulheres para discutir feminismo e as lutas das mulheres. Para Finalizar este debate, as mulheres farão um ato público, ao meio dia, saindo do Ginásio para o centro da cidade. E a partir das 16h, na Praça Vigário Antônio Joaquim, no Centro, terão início a Feira de Economia Feminista e Solidária e, em seguida os shows musicais, com atrações locais, regionais e nacionais.