Carta Política do Encontro Regional da MMM Norte e Maranhão

15/10/2025 por

Nos dias 23 e 24 de agosto de 2025, mulheres do Pará e do Maranhão se encontraram em Mosqueiro, distrito de Belém (PA), para o Encontro Regional Amazônico da Marcha Mundial das Mulheres, com o tema “Alternativas feministas e populares para a justiça climática e o bem viver”. A atividade faz parte do calendário de ações da 6ª Ação Internacional da MMM.

O encontro reuniu mulheres quilombolas, ribeirinhas, catadoras, agricultoras, artesãs, estudantes e militantes urbanas em dois dias de debates, trocas de experiências e construção coletiva. As falas das participantes trouxeram a força das resistências nos territórios.

As mulheres redigiram a Carta Política do Encontro Regional Norte-Maranhão, construída de forma participativa. A carta denuncia o avanço do capitalismo racista e patriarcal na Amazônia e reafirma os caminhos do feminismo como base para uma verdadeira justiça climática, desvinculada das estratégias de lucro do mercado.

A carta traz como eixos centrais: a crítica à financeirização da natureza e às falsas soluções para a crise climática; a defesa da economia feminista, da agroecologia e das políticas públicas de cuidado; a denúncia ao turismo predatório e às tentativas de apagamento da memória ancestral.

Nós, da Marcha Mundial das Mulheres da Amazônia Brasileira, afirmamos que os avanços da Economia Verde impactam mais os territórios dos povos do campo, das águas e das florestas, mas esse é um tema que diz respeito também a quem está na cidade e atinge diretamente as periferias, reproduzindo o racismo ambiental através de uma política higienista como parte de uma engrenagem que é estrutural: a hegemonia do mercado financeiro em todos os níveis que visa, a todo custo, lucrar com a exploração da vida e do trabalho das mulheres, privatiza a riqueza, os patrimônios materiais e imateriais públicos e culturais, socializa a miséria, a repressão e a destruição ecológica do planeta. Isso aparece no poder que as corporações e os bancos têm sobre o Estado, na precarização do trabalho e das condições de vida – o que faz com que a carga de trabalho das mulheres aumente ainda mais – e na expansão capitalista através da economia verde.

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