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Chamado à 5ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres

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A cada cinco anos, uma Ação Internacional da MMM conecta nossos processos organizativos e lutas a nível local com a força mundial do feminismo em movimento. Em 2020, a Marcha Mundial das Mulheres realizará sua 5ª Ação Internacional, com o lema “Resistimos para viver, marchamos para transformar”. Com esta Ação, continuaremos avançando na construção de um movimento permanente e em luta: feminista, anticapitalista e antirracista. Nossa resistência está conectada com propostas e construções concretas de uma sociedade baseada em igualdade, justiça, liberdade, paz e solidariedade.

Nosso calendário para esse ano será intenso! De 08 de março a 17 de outubro, estamos com uma intensa agenda de lutas no Brasil e no mundo.

8 de março
Lançamento da 5ª Ação

24 de abril
24 horas de solidariedade feminista contra o poder das transnacionais

30 de março
Ação das mulheres pela autodeterminação dos povos no Dia da Terra Palestina

28 a 31 de maio
Ação da MMM/Brasil em Natal (RN), em adesão à Semana de Ação Anti-imperialista

17 de outubro
Encerramento internacional da Ação 2020

Leia abaixo o Chamado à Ação Internacional. O documento também está disponível neste link.

No 20º aniversário do lançamento da Marcha Mundial das Mulheres, chamamos as mulheres em movimento de todo o mundo para se unir à nossa 5ª Ação Internacional, de 08 de março a 17 de outubro de 2020.

Ancoradas em nossa experiência feminista de luta e rebeldia, enfrentamos a escalada autoritária e reacionária do capital: Resistimos para viver! Desde nossas práticas, utopias e esperança, marchamos para transformar!

Resistimos à destruição da vida pelo capital. Enfrentamos o poder das empresas transnacionais, agentes diretos do capital, aliadas às elites que, nos Estados, avançam sobre os territórios, acaparam, controlam e privatizam a terra, transformam a natureza em mercadoria, contaminam a água, os alimentos e nossos corpos. Resistimos aos tratados de livre comércio e investimento, que remodelam legislações para manter a impunidade do poder corporativo e desmantelar os direitos trabalhistas e sociais. Resistimos à financeirização e precarização da vida e apostamos no fortalecimento da economia real. Marchamos para transformar as formas de organização dos trabalhos que produzem a vida, com base na igualdade, em direitos e na dignidade.

Resistimos à violência contra as mulheres em todas as suas dimensões, patriarcal, racista e colonialista; à agressão e espoliação dos territórios, corpos e comunidades, ao tráfico de pessoas, à exploração sexual e aos feminicídios. Resistimos contra a aliança do conservadorismo – religioso ou não – com o neoliberalismo, que orienta políticas de forças de direita em todo o mundo. Resistimos à imposição e exaltação da maternidade como único destino das mulheres, e ao reforço de um modelo heteropatriarcal de família, baseado na invisibilidade de nosso trabalho doméstico e de cuidados – este trabalho que sustenta a vida em um sistema que nos trata como mercadoria. Resistimos à perseguição das sexualidades dissidentes e à criminalização do aborto. Marchamos por nossa autonomia e liberdade, que só se realizam com justiça social.

Resistimos ao capitalismo patriarcal e racista que nos impõe fronteiras e muros, ataca grandes contingentes de pessoas, as expulsa de seus territórios e as nega direitos básicos de moradia, movimento, alimentação e manifestação, enquanto fomenta todo o tipo de guerra. Resistimos à guerra, à militarização e aos exércitos transnacionais, ferramentas de terror, de violação e de assassinato sistemáticos dos povos e de lutadoras e lutadores sociais. Resistimos aos nacionalismos racistas, construindo a soberania e a integração dos povos. Marchamos pela paz em aliança com os movimentos sociais, para construir no dia a dia a solidariedade internacionalista necessária neste período de resistência. Somente nossa ação comum pode deter os ataques do capital contra a vida!

Marchamos para transformar nossas vidas e mudar o mundo! Propomos e construímos outras formas de organizar a economia, com a sustentabilidade da vida como centro. Desde nossas práticas, construímos a agroecologia feminista, articulada com as lutas por justiça climática e soberania alimentar.

Marchamos para transformar a organização do poder, construindo, pelas bases, o questionamento das hierarquias e autoritarismos de Estados a serviço das elites. Apostamos na construção de uma comunicação contra hegemônica e popular, em tecnologias livres e seguras que enfrentem o controle, a manipulação e a vigilância do capital e de suas corporações. Marchamos para despatriarcalizar o poder, ampliar o sentido público do Estado, por democracias populares em que a igualdade seja um princípio e uma realidade.

Marchamos contra o racismo, por uma sociedade sem muros e pela autodeterminação dos povos, construindo diariamente um feminismo internacionalista, popular e militante. Seguimos aprendendo com os povos indígenas e com a negritude formas de pensar e de sentir o mundo que sustentam a vida em comunidade e cultivam a alegria na resistência.

Marchamos com nossos corpos, vozes, ritmos e criatividade, subvertendo as imposições neoliberais sobre nossas subjetividades e modos de viver. Somente a partir da luta e do comum, poderemos construir relações de liberdade e igualdade.

Esta 5ª Ação Internacional marca o 20º aniversário da Marcha Mundial das Mulheres, um movimento feminista anticapitalista, antirracista e anticolonialista, auto organizado desde a base por mulheres de todo o mundo. Reafirmamos os valores de igualdade, liberdade, justiça, paz e solidariedade, pilares da sociedade que lutamos para construir. Reforçamos nosso compromisso de avançar juntas até que todas sejamos livres.

Em tempos de autoritarismo racista e patriarcal, transformamos nossa indignação em luta, convencidas de que ampliar nossa auto organização permanente é a estratégia através da qual onde encontraremos respostas e caminhos para dar fim ao capitalismo e transformar a sociedade em uma onde a vida esteja no centro.

 

Resistimos para viver, marchamos para transformar!

 

 

Marcha Mundial das Mulheres

Janeiro de 2020

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