Nós, companheiras da Marcha Mundial das Mulheres da região Américas, provenientes do Quebec, dos Estados Unidos, México, Guatemala, Panamá, Cuba, Venezuela, Chile, Brasil e distintas regiões do Peru, nos reunimos em Cajamarca, de 23 a 25 de outubro de 2015, para celebrar nosso IV Encontro Regional, que marca o encerramento da 4ª Ação Internacional: “Libertemos nossos corpos, terras e territórios”.
Estamos em Cajamarca por reconhecermos as lutas locais em defesa da água e dos territórios frente ao extrativismo depredador. Queremos mostrar nossa solidariedade com as mulheres e os povos que resistem cotidianamente contra os grandes empreendimentos de mineração. Escutamos o testemunho da companheira Máxima Acuña, que tem sido fonte de inspiração para todas nós e para as lutas dos nossos países.
Marchamos em Cajamarca sob forte presença policial exigindo “Água sim, ouro não!”, “A vida vale mais que o ouro!”. Denunciamos como crescente violência, militarização e criminalização dos movimentos sociais de toda a região, e especificamente os casos de perseguição contra companheiras peruanas, tal qual no caso de Máxima Acuña e Dina Mendoza, que estão enfrentando indiciamentos injustos pela representação que iniciaram contra empresas de mineração como Yanacocha e Candente Copper. Não estão sozinhas!
Este encontro nos tem permitido conhecer as lutas das mulheres, jovens, lésbicas, do campo, da cidade, indígenas, do Norte e do Sul. Para denunciar o sistema capitalista, colonialista e patriarcal compartilhamos mapas feitos em cada país que ilustram nossas resistências e alternativas, além termos gerado uma força coletiva para seguir avançando e consolidando nossas estratégias de transformação.
Constatamos o aumento do conservadorismo e dos ataques aos avanços dos direitos das mulheres, a criminalização do aborto e a persistência da heteronormatividade, assim como o desmantelamento dos serviços públicos, a precarização do trabalho e tratados de livre comércio que apenas beneficiam interesses corporativos, com a cumplicidade de muitos governos que adaptam as suas leis à conveniência do capital e não do bem comum.
Vemos o avanço da ofensiva imperialista, que pretender impedir os avanços dos povos; estamos acompanhando as negociações entre Cuba e Estados Unidos e esperamos o fim do bloqueio. Temos lutas comuns frente a grandes hidroelétricas, às plantações de monocultivos e à contaminação de água.
Temos aprendido com as alternativas que as mulheres de toda a região já estão levando a cabo em torno da soberania alimentar, a agricultura campesina, a economia feminista e solidária, a defesa dos nossos corpos e territórios, e nossas alianças com outros movimentos para enfrentar a crise climática.
Temos discutido a importância da formação política desde a educação e a comunicação popular para construir o feminismo que queremos. Celebramos nossa diversidade e as resistências de todas as mulheres, expressadas também na batucada, na música, poesia, cantos e dança.
Este encontro foi uma oportunidade para compartilharmos nossas análises e visões conjuntas das resistências e alternativas produzidas pela região Américas. Levaremos esta análise das nossas estratégias e acordos ao 11º Encontro Internacional que se celebrará em Moçambique em 2016. Reafirmamos nossas alianças com os movimentos sociais e a auto-organização das mulheres como sujeitas imprescindíveis para a emancipação e a autonomia.
Não à mercantilização dos nossos corpos, terras e territórios!
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!
Cajamarca, Perú, 25 de outubro de 2015.