Declaração Internacional da MMM: Resistência feminista contra o poder corporativo: a vida acima do lucro, a paz acima da guerra
23/04/2025 por @admin

24 de abril de 2025 – Dia Solidariedade Feminista Internacional
contra o poder das corporações transnacionais
Resistência feminista contra o poder corporativo:
a vida acima do lucro, a paz acima da guerra
Leia em espanhol, inglês e francês no site da MMM Internacional
Doze anos atrás, mais de 1.100 trabalhadores — a maioria mulheres — morreram quando a fábrica Rana Plaza, em Bangladesh, desabou. Não foi um acidente, mas a consequência brutal de um sistema capitalista que coloca o lucro acima da vida. Atualmente, a mesma lógica alimenta a exploração global, a guerra e a destruição ambiental, conduzidas impunemente por corporações transnacionais.
Essas empresas prosperam com a exploração do trabalho, a pilhagem de territórios e a destruição dos bens comuns. Nossos bens comuns estão sendo atacados por corporações transnacionais que impõem o desenvolvimento de megaprojetos extrativistas, privatizam a água, a saúde e a educação e transformam a natureza e o trabalho de cuidado em lucro. Seja por meio da mineração, da agricultura industrial, dos megaprojetos de energia ou do capitalismo digital, elas buscam transformar tudo — até mesmo nossos dados, nossos corpos e nosso ar — em fontes de acumulação de capital.
Os acordos de livre comércio, as instituições financeiras internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, e até mesmo as organizações multilaterais — como as Nações Unidas, que permitiram que os atores corporativos influenciassem as políticas públicas — possibilitam e protegem esses atores. Sob o pretexto de “parcerias público-privadas”, elas legitimam um modelo de desenvolvimento baseado na exploração, na exclusão e no colapso ecológico.
As corporações transnacionais não apenas lucram com a exploração do trabalho e da natureza, mas também são cúmplices da guerra, da ocupação e da militarização. O setor bélico global é dominado por gigantes corporativos que produzem armas, sistemas de vigilância e infraestrutura militar usados para impor a dominação geopolítica e proteger interesses extrativistas e econômicos.
Essas corporações fornecem as armas usadas em invasões militares, regimes repressivos e ocupações ilegais. Seus acionistas lucram com o sofrimento e a destruição infligidos a populações inteiras e, principalmente, às mulheres e crianças.
Da Palestina ao Sahel, do Congo à Amazônia, os interesses corporativos estão enraizados na militarização das fronteiras, na perseguição de defensoras e defensores do meio ambiente e na repressão de movimentos que resistem à extração.
Além disso, grandes empresas de tecnologia colaboram com exércitos e governos para fornecer tecnologias de vigilância, reconhecimento facial, inteligência artificial e drones que são usados para controlar, monitorar e matar.
O militarismo não acontece apenas em zonas de conflito. Ele é reproduzido em nossa vida cotidiana por meio da repressão policial, fronteiras securitizadas (ligadas ao mercado de compra de créditos), violência patriarcal e uma propaganda corporativa que apresenta a resistência como terrorismo. A militarização é uma ferramenta para garantir os lucros das corporações transnacionais.
As mulheres resistem defendendo a paz, as sementes, a água, o cuidado e o conhecimento. Elas constroem economias alternativas, criam soberanias feministas e se organizam para proteger a vida e os bens comuns. Em todas as crises climáticas, de cuidados, de alimentos, de migração e de guerra, as mulheres estão em marcha.
Marchamos pela vida acima do lucro, pela paz acima da guerra. Rejeitamos a mercantilização da vida e exigimos uma transformação radical. Em 24 de abril, durante a Semana de Solidariedade Feminista Internacional contra as Corporações Transnacionais, convocamos todas as pessoas a:
– Agir em seus territórios.
– Denunciar a violência corporativa.
– Ampliar as alternativas feministas.
Nossos corpos, nossos territórios e nossos bens comuns não estão à venda.
Globalizemos a resistência, globalizemos a solidariedade feminista! Vamos desmantelar o poder corporativo!
Marchamos contra as guerras e o capitalismo,
Defendemos a soberania dos povos e o bem viver!
Marcha Mundial das Mulheres