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Em diálogo com Dilma, movimentos sociais pedem o fim do ajuste fiscal e mais ampliação de direitos

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A presidenta Dilma esteve reunida, na tarde desta quinta-feira (13), em Brasília, com mais de mil e quinhentas lideranças, de 50 movimentos, incluindo a Marcha Mundial das Mulheres, em evento intitulado “Diálogo com movimentos sociais brasileiros”. Antes mesmo de iniciar o diálogo dos movimentos com a presidenta, militantes ecoaram palavras de ordem por mais direitos, contra o golpe à democracia, contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, símbolo do ajuste fiscal que vem sendo realizado desde o começo do ano.

Carina Vitral, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), lembrou que, apesar de os estudantes serem os mais jovens, com 78 anos de existência, a UNE é uma das entidades mais antiga, tendo lutado contra a ditadura e pela democracia. “Sabemos dar valor à democracia que temos”, afirmou a estudante em apoio à Dilma.

Carina Vitral afirmou também que não abre mão das conquistas alcançadas, a exemplo do Plano Nacional da Educação (PNE) e dos dez por cento do PIB para educação. “A educação precisa ser poupada do ajuste fiscal. A saída da crise é aprofundar as mudanças. O que nós queremos que a senhora se posicione contra a criminalização dos movimentos sociais, a implementação do PNE, a erradicação do analfabetismo, a regulação do ensino médio, por mais universidades, pela democratização dos meios de comunicação e não à redução da maioridade penal e o fim dos autos de resistência. Queremos muito, mas temos confiança que em aliança do governo e movimentos vamos avançar para um futuro com mais mudanças e oportunidades”, pontuou.

Alberto Broch, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura (CONTAG), recordou a Marcha das Margaridas, encerrada ontem (12), dizendo que não haverá retrocesso e colocando como fundamental a importância da reforma agrária para a agricultura familiar e a soberania alimentar. Broch lembrou ainda sobre a reforma política e pediu o fim do financiamento privado de campanha, que foi aprovado ontem pela Câmara e segue para votação no senado.

Para Eleonice Sacramento, representante da Articulação de Mulheres Pescadoras, os povos indígenas, as pantaneiras, quilombolas, pantaneiros, rezadeiras, ribeirinhos, retirantes e ciganos, acreditam em Dilma, mas necessitam que tenham seus direitos garantidos e preservados. “Somos um povo que temos um modo de vida específico e que se fortalece nos nossos territórios tradicionais. O modelo de desenvolvimento que é retrocesso, é o que expulsa e violenta mulheres, juventudes e infância. Nós estamos ameaçados e se nossos territórios não forem garantidos livres e preservados, não teremos como continuar apoiando este governo”, enfatizou. A liderança lembrou ainda as ameças sofridas com a Lei 13123, que tira o direito dos povos e comunidades ao conhecimento tradicional e solicita ser consultado pra qualquer processo e ainda o Decreto 8425 que tira a identidade das Mulheres pescadoras.

Guilherme Boullos, presidente do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) avisa aos golpistas: “Não nos representa!”, afirmou. E acrescentou ao afirmar que não aceita o ajuste fiscal. “Não aceitamos que o povo pague a conta da crise que corta investimentos sociais em moradia, saúde e educação. Se é pra ajustar que se ajuste em cima daqueles que nunca foram ajustados: taxação dos bancos e reforma tributária. A agenda do Brasil é a agenda do povo, de distribuição de renda e estaremos firmes e decididos nas ruas pra defender essa agenda e a lei anti-terrorismo não nos brecará”, avisou.

Adilson Araújo, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), também foi enfático ao defender a democracia, mas com garantia de direitos. “Somos contra o golpe e apoiamos uma agenda que sinalize o desenvolvimento social, ajuste fiscal não pode impedir o avanço que o povo brasileiro vem tendo nos últimos anos”, defendeu.
Para Wagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Dilma está sustentada para governar com a proposta que os movimentos defenderam na última eleição. “Tributação, Já! O mercado nunca deu sustentação ao seu governo”, afirmou.

Segundo Alexandre Conceição, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a agenda precisa ser lutar e construir reforma agrária popular. “A oposição não tem moral pra nos apontar e dizer qual a pauta que temos que seguir. Não podemos admitir Lei anti-terror. A nossa família sabe o que é economizar. Mas não pode cortar dos sem terra, não pode cortar da cisterna. Tem que cortar das grandes fortunas. Corte da rede globo. Democracia com participação popular”.

AhwgUg-ys0-lV1M4y5GZnQ_IU4w5HIUy1AmAnK4m-tggApós ouvir os movimentos sociais, Dilma afirmou que as entidades presentes representam a diversidade que existem no nosso país, de uma sociedade complexa. “Nós temos que fazer um grande esforço pra mudar a realidade. Fizemos uma parte mas ainda falta muito pra fazer”, admitiu a presidenta.
Ela anunciou o “Minha Casa, Minha Vida 3”, nas capitais onde o terreno é mais caro. “Tem políticas que nunca deixaremos de fazer. Nunca pensamos em privatizar a caixa. Lutamos pela lei de partilha e por royalties para educação”, afirmou.

A Presidenta disse ainda que o governo vai fazer o possível e impossível para garantir direitos e oportunidades. “Vamos tomar todas as medidas para que esse país volte a crescer o mais rápido possível. Temos de avançar. Não queremos ser só a sétima economia, queremos ser a sétima nação para isso, ter mais igualdade. Significa distribuir renda, assegurar a participação do povo. Querer mais faz parte do processo de transformação. Eu sei de que lado estou. Eu nunca mudei de lado”, afirmou Dilma.

 

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