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Em marcha até que todas sejamos livres! 4ª ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil

logo ação internacional brasil“Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres” é o eixo que nos movimenta na 4ª ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres, que lançaremos no 8 de março de 2015.

Com esta ação, queremos fortalecer a defesa dos “territórios das mulheres”, que são compostos por nossos corpos, pelo lugar onde vivemos, trabalhamos e desenvolvemos nossas lutas, nossas relações comunitárias e nossa história.

Mulheres de 96 países onde o movimento está presente sairão às ruas para denunciar as causas que oprimem e discriminam mulheres em todo o mundo. Ao mesmo tempo, um amplo processo de formação política feminista será realizado para identificar as ameaças que as mulheres sofrem em cada região do planeta, e também para construir de forma coletiva as nossas práticas e propostas para construir um mundo baseado na igualdade, liberdade, justiça, paz e solidariedade.

No Brasil, diferente de outros momentos em que as mulheres de todo o país se reuniram em uma ação comum, a Ação de 2015 será um processo enraizado em âmbito local. Vamos realizar atividades descentralizadas, para visibilizar as lutas que nós mulheres realizamos em nossos territórios, nossas resistências e nossas práticas que constroem novos paradigmas.

Agenda da ação internacional no Brasil

Seguiremos em marcha Afirmando nossa auto-organização como nossa estratégia para mudar o mundo e a vida das mulheres em um só movimento, as mulheres do norte do Brasil se encontrarão em Palmas, no Tocantins. Auto-organização, formação e mobilização irão expressar nossa visão feminista, anticapitalista e anti-racista na primeira ação regionalizada no nosso país, entre 15 e 17 de abril.

Em defesa da água e da agroecologia, as mulheres enfrentam a mineração Logo em seguida, entre 18 e 20 de abril, as mulheres do norte de Minas Gerais irão receber, em Varzelândia, companheiras dos estados do Sudeste e da Bahia para uma ação que tem a defesa da água como eixo. As mulheres enfrentam atualmente a ganância de empresas mineradoras que buscam ampliar a exploração de ferro e ouro em seus territórios. A ação vai acontecer em Varzelândia, junto com a 5ª Marcha das Mulheres na região, organizada pelo coletivo de mulheres do Norte de Minas.

24 horas de solidariedade feminista No dia 24 de abril, realizaremos as 24 horas de solidariedade feminista. Essa é uma forma de ação da MMM em que atuamos para que o mundo fique mobilizado pelas mulheres durante 24 horas. Para isso, em cada país onde estamos organizadas, acompanhando o ciclo do sol ao redor da terra, as mulheres saem às ruas das 12 às 13 horas, para manifestar sua solidariedade criando assim uma onda feminista.

Na quarta ação este dia será para relembrar a morte de centenas de mulheres fruto do desabamento do prédio Rana Plaza situado em Dhaka, capital de Bangladesh, em 24 de abril de 2013. O edifício abrigava oficinas de costura de lojas famosas no mundo, como a Benetton, e a tragédia expressou a realidade de milhares de mulheres exploradas pela indústria da moda e beleza que escondem o horror do trabalho sem qualquer direito ou proteção.

Nas 24 horas de solidariedade feminista denunciaremos o poder e a impunidade das empresas transnacionais. Denunciaremos que a divisão sexual e internacional do trabalho se combinam para controlar e explorar a nossa força de trabalho. E que as imposições sobre o nosso corpo, acentuadas pela mercantilização, formam parte desse controle que propicia lucros para grandes empresas transnacionais da indústria da confecção ou de cosméticos.

Em luta por autonomia econômica! Contra a globalização do capital, afirmamos a economia feminista e solidária. Em julho, no Vale do Ribeira, mulheres de São Paulo e Paraná estarão mobilizadas por autonomia econômica e para denunciar a lógica de controle e mercantilização da natureza.  O Vale do Ribeira, região de Mata Atlântica preservada pelas comunidades tradicionais de quilombolas, indígenas e caiçaras, vem sendo atacada pela criminalização destes mesmos povos por uma legislação ambiental que não impede a ofensiva das mineradoras, a ameaça das barragens, a pulverização aérea de agrotóxicos e seu uso intensivo. Afirmaremos a economia solidária e a agroecologia, as experiências, conhecimentos e práticas das mulheres como caminho para transformar este modelo de reprodução, produção e consumo.

Pelo fim da violência contra as mulheres! A construção de autonomia é uma estratégia para enfrentar a violência contra as mulheres. Também em julho, as mulheres da Paraíba organizarão uma ação pelo fim da violência contra as mulheres. Entre tantos casos cotidianos de violência contra as mulheres, o estupro coletivo de cinco mulheres por 10 homens, seguido do assassinato de duas delas, bem como o violento assassinato de Ana Alice, uma adolescente de 16 anos, ambos na cidade de Queimadas, revelaram as tramas da violência e da impunidade naquela região. Com a ação na Paraíba, queremos fortalecer a auto-organização das mulheres no enfrentamento a violência sexista e à impunidade.

Em luta pela desmilitarização de nossas vidas! A militarização é uma expressão da violência tratada como natural pelos sistemas capitalista e patriarcal e dos meios utilizados por estes sistemas para manter seu domínio. As periferias das grandes cidades brasileiras convivem diariamente com a violência policial, que em nosso país provoca um número de mortes tão grande como o de países em situação de conflito armado. Em 2013, ao menos 6 pessoas foram mortas por dia pela polícia no Brasil. Aqui, a cada 3 pessoas assassinadas, duas são negras. Este será o eixo da ação da MMM no Rio de Janeiro, em agosto. Com atividades de formação e de ocupação do espaço público, o objetivo é promover o intercâmbio entre mulheres do Rio de Janeiro e São Paulo que têm suas vidas marcadas pela militarização para avançar em uma perspectiva feminista nesta luta.

Margaridas seguem em marcha

Com o eixo “Margaridas seguem em marcha por desenvolvimento sustentável com democracia, justiça, autonomia, igualdade e liberdade”, estaremos juntas com as mulheres do campo, da floresta e das águas na 5ª edição da Marcha das Margaridas. Esta Marcha teve início em 2000, como uma adesão das trabalhadoras rurais a Marcha Mundial das Mulheres. A data desta grande mobilização é 11 e 12 de agosto, para lembrar a lutadora Margarida Alves.

Contra a violência do agronegócio O enfrentamento à violência também será um dos eixos da ação em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, que reunirá as companheiras do Centro-Oeste entre 5 e 7 de setembro. Naquela região que vive uma disputa de terras no campo e na cidade, assim como de desmatamentos desenfreados do cerrado e áreas de florestas, por conta do agronegócio, a violência sexista é marcada pela prostituição e o tráfico de mulheres, e por um alto índice de violência contra as mulheres indígenas.

Em luta pela legalização do aborto! A luta pela legalização do aborto estará no centro da ação que acontece em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai. Cerca de mil mulheres da região sul do Brasil, Argentina e Uruguai são esperadas para a “Primavera pelo direito ao corpo e a vida das mulheres”, entre os dias 26 e 28 de setembro. O objetivo da ação é fortalecer a luta pelo fim da hipocrisia que hoje mata, principalmente, mulheres pobres e negras pela clandestinidade do aborto. Com intercâmbio entre as mulheres dos diferentes países, a ação será um momento de formação, articulação e visibilidade desta luta.

Nossas resistências e alternativas feministas: Corpos e territórios livres! A ação internacional se encerra no dia 17 de outubro, em uma ação organizada pelas mulheres do Ceará e do Rio Grande do Norte. Tendo o corpo e o território como eixos, a ação irá fortalecer e visibilizar nossas resistências e alternativas. A proposta é que ação tenha início no Cariri, região no Ceará marcada pela violência contra as mulheres e que se encerre em Mossoró, no Rio Grande do Norte. A previsão é que cerca de mil mulheres participem de atividades de formação e mobilização que afirme nossas alternativas e práticas de ocupação livre e soberana dos territórios rurais e urbanos, seja pela agroecologia, seja pela cultura feminista.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

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