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Feminismo, corpos, trabalhos e territórios: construindo alternativas juntas e, porque juntas, fortalecidas!

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Seguindo o eixo corpos, trabalho e territórios da 4ª Ação Internacional da Marcha, as militantes do Ceará e Rio Grande do Norte fazem a sua ação com o tema Corpos e Territórios: Resistências e Alternativas. Ontem, ocorreram as caravanas em Barbalha (CE) e em zonas rurais do RN. Hoje, pela manhã, junto às 24 horas de cultura feminista, aconteceu o seminário para debater o tema da ação e mostrar que, a partir da auto organização, as mulheres fazem o combate ao sistema e criam outro modelo de desenvolvimento baseado no feminismo, na agroecologia, na economia solidária, na luta antirracista, de enfrentamento à violência contra a mulher e pela soberania dos territórios.

O seminário temático iniciou com a mística de abertura emocionando todas as mulheres presentes com poesia, palavras de ordem, batuques e danças, uma síntese dos aprendizados de cada experiência das caravanas do CE e RN.

Na mesa de debate estiveram Bruna Rocha, diretora de mulheres da UNE e da MMM BA, Nalu Faria, da MMM SP, Conceição Dantas e Isolda Dantas, da MMM RN, Verônica de Santana, do MMTR NE e Ticiana Stuart, da MMM CE que, em sua fala de análise de conjuntura, colocou a importância da auto organização das mulheres para fazer o enfrentamento à onda conservadora no nosso país e contra as ofensivas capitalistas, patriarcais, racistas e lesbitransfóbicas aos nossos corpos e territórios.

“No nosso primeiro 17 de outubro encerrando a primeira ação da Marcha, fizemos uma urna guardando nossos sonhos. De lá para cá, vivemos muitas coisas e aprendemos muito. Fomos construindo nossos símbolos, símbolos fortes de um movimento que se propõe a organizar mulheres de todos os continentes em contextos diferentes, mas lutando contra as mesmas opressões”, comenta Nalu Faria, em retrospectiva das ações já realizadas pela Marcha.

“Nesses 15 anos, levantamos as vozes silenciadas, aumentamos o tom de nossas vozes e aprendemos a falar juntas nas plataformas de luta que levamos no mundo inteiro e no nosso país. As ofensivas existem, mas nós resistimos e criamos alternativas”, continua. Ainda em sua fala, Nalu relembra as temáticas das ações realizadas em cada estado mostrando o quanto a Marcha está fortalecida em todo o país e dedica o encerramento da 4ª Ação às mulheres Guarani Kaiowá que lutam contra o extermínio de seu povo e pelas suas terras.

Conceição Dantas começou sua fala com a palavra de ordem: “Tem feminista? Tem socialista? Todas as raças? Quem é do povo, vem!”. E explicou que: “Visitamos as mulheres de Apodi para mostrar a resistência ao perímetro irrigado, mas também para mostrar que lá elas constroem outra forma de viver na natureza, que vivem bem, que querem ficar no campo. Fomos para Tibau para dizer que mesmo recebendo ordens de despejo de suas terras em nome do interesse de instalação de usinas eólicas, as mulheres pescam marisco e fazem o beneficiamento do pescado. Fomos a Caraúbas e Upanema onde as mulheres fazem economia solidária e reuso de água para convivência com o semiárido. Junto com as mulheres de Jatobá, mostramos que as mulheres negras organizadas conseguem a terra, a água e fazer a luta antirracista. As mulheres não estão só dizendo não. Estão construindo formas de dizer sim, com alternativas. Hoje, estamos ocupando a cidade de Mossoró com 24 horas de cultura feminista, revertendo a lógica desta sociedade e dizendo que o feminismo ocupa campo e cidade construindo cultura para a igualdade”.

Após o término do seminário, as mais de 600 mulheres reunidas marcharam pelas ruas de Mossoró (RN). Somando oficinas e intervenções que estão acontecendo simultaneamente em bairros populares a 12 horas de shows culturais no centro da cidade, o encerramento da 4ª Ação Internacional vem mostrar que “podemos mudar a vida das mulheres para mudar o mundo e mudar o mundo para mudar a vida das mulheres juntas e, porque juntas, fortalecidas!”.

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