Marcha Mundial das Mulheres do Ceará participa de intercâmbio com mulheres indígenas Tremembé

05/06/2025 por

A atividade fez parte da 6ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, no eixo 1 “Defesa dos bens comuns”

A Marcha Mundial das Mulheres do Ceará participou, nos dias 24 e 25 de maio, de um momento de um intercâmbio com as mulheres indígenas Tremembé da Barra do Mundaú, em Itapipoca, a 134km da capital cearense. Participaram também da atividade, as companheiras da Articulação das Mulheres Indígenas do Ceará (AMICE), do Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador e à Trabalhadora (Cetra), da Associação para Desenvolvimeto Local Co-Produzido (Adelco) e da Kizomba.

A Marcha Mundial das Mulheres do Ceará participou, nos dias 24 e 25 de maio, de um momento de um intercâmbio com as mulheres indígenas Tremembé da Barra do Mundaú, em Itapipoca, a 134km da capital cearense.

A atividade fez parte da 6ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, no eixo 1 “Defesa dos bens comuns”, eixo que reafirma a defesa dos bens comuns frente às corporações transnacionais. O objetivo foi conhecer as alternativas construídas pelas indígenas que fortalecem a defesa do território e dos bens comuns frente às corporações transnacionais.

Liderada por mulheres, a comunidade traz na organização coletiva, na preservação da cultura, na defesa da espiritualidade e na defesa do ambiente marinho, algumas das estratégias para a defesa do território e formação de novas lideranças.

Durante o intercâmbio, as mulheres conheceram o território formando por lagoas, dunas, mangues, e águas sagradas,  a Oca Ancestral Tremembé, espaço de salvaguarda do Povo Tremembé e assistiram ao documentário Águas Sagrados: Vida marinhas importam!, produzido pela própria comunidade, além de participarem de um ritual de cura.

As lideranças Erbênia, Adriana, Fabiana e Cleidiane Tremembé apresentaram o histórico de luta pela terra e os conflitos com o empreendimento turístico Nova Atlantis. Em seguida, a bióloga Alanna Loiola, que integra às organizações Adelco e Ecomaretório, apresentou para as mulheres um panorama do impacto socioambiental da instalação das eólicas na região.

Os problemas que revelam a ameaça de direitos das populações indígenas, pescadores e marisqueiras, o impacto na saúde física e mental do povo, e o controle da terra e do mar pelas empresas estrangeiras.

A marchante Carol Lacerda define o momento como mágico. “Um dos encontros mais lindo  e potente que já vivi na MMM, repleto de força, escuta e esperança. Que felicidade é caminhar ao lado de quem sonha e luta por um mundo mais justo para nós. Sigo feliz, renovada e grata por cada passo partilhado”, disse.

Para Ninívia Campos, que integra também a Marcha das Mulheres de Itapipoca, foi um dia de conhecimento e de muitas confecções de saberes, lutas e sonhos. “Obrigada pela oportunidade e seguimos em frente para que nossos projetos não parem e sejam referência mundial”, afirmou.

Ao final do encontro, a Marcha Mundial das Mulheres firmou o compromisso de fortalecer a luta junto à população indígena, bem como elaborar um documento de denúncias e reivindicações sobre às necessidades da população daquela área.

Terra Indígena

A Terra Indígena (TI) Tremembé da Barra do Mundaú possui quatro aldeias: São José, Buriti de Baixo, Buriti do Meio e Munguba.  Desde 2002, o território da Barra do Mundaú é constantemente ameaçado pelos setores imobiliário, turístico e, recentemente, o eólico, cujos aerogeradores estão espalhados pelo litoral, em dunas próximas às terras indígenas. A luta pela terra envolveu ameaças, violência e até mesmo assassinatos de lideranças indígenas. A demarcação da terra foi conquistada apenas em 2023, com a homologação do Decreto de n.º 11.506/2023, da Presidência da República.

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