Marcha Mundial das Mulheres encerra sua 6ª Ação Internacional com atividades regionais no Brasil
22/10/2025 por @admin
[texto em construção, para atualizações enviar ao coletivo de comunicadoras]
Entre os dias 17 e 19 de outubro a Marcha Mundial das Mulheres do Brasil realizou suas atividades regionais de encerramento da sua 6ª Ação Internacional em Mossoró (RN), São Paulo (SP) e Florianópolis (SC). A 6ª Ação de 2025 trouxe o lema: “Marchamos contra as guerras e o capitalismo, defendemos a soberania dos povos e o bem viver”.
Também em Brasília – DF, as mulheres também organizaram as militantes da Marcha Mundial das Mulheres ocuparam a frente da Embaixada da Autoridade Palestina, no Setor de Embaixadas Norte, na noite do dia 17 de outubro, data do encerramento da 6ª Ação. Além das músicas e palavras de ordem, as mulheres discursaram em defesa da paz e da soberania dos povos, destacando o impacto das guerras na vida das mulheres.
Entre fevereiro e outubro de 2025 foram as inúmeras atividades: de plenárias nacionais a estaduais e locais, ações de rua, encontros de formação, debate e rodas de conversa, feiras e mutirões, brechós, saraus, entre tantas outras atividades culturais e públicas que colocaram em pauta as experiências e resistências das mulheres nos 4 eixos temáticos da 6ª Ação: Defesa dos bens comuns contra as transnacionais; Economia feminista para a sustentabilidade da vida; Paz e desmilitarização e a Luta pelo fim da violência contra as mulheres, por autonomia dos nossos corpos e sexualidades.
No Brasil a 6ª Ação se conectou com importantes processos de mobilização nacional: o Plebiscito Popular, contra a escala de trabalho 6×1 e taxação das grandes fortunas, a realização da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, a 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras e Cúpula dos Povos na COP 30 de Belém que serão realizadas em novembro. Também seguimos de forma permanente nossa solidariedade feminista internacional às mulheres e povo Palestino, pelo fim do genocídio, já!
Recentemente em agosto, as mulheres da Região Norte, realizaram sua atividade do calendário da 6ª Ação em em Mosqueiro, distrito de Belém (PA), para o Encontro Regional Amazônico da MMM, com o tema “Alternativas feministas e populares para a justiça climática e o bem viver”, clique aqui e saiba mais. Em Minas Gerais, as militantes organizaram uma grande audiência pública e um ato de rua para denunciar as privatizações e todas as violências que a mercantilização dos bens comuns e serviços públicos provocam na vida das mulheres.
A Marcha Américas também se reuniu entre 15 Coordenações Nacionais (CNs) em Chiapas no México, e redigiram uma declaração posicionando o feminismo popular da MMM em defesa da região das Américas “livre, soberana e feminista”, denunciando a militarização e exploração dos territórios e reafirmando a economia feminista como projeto político. Internacionalmente a MMM Brasil também esteve presente na 3ª edição do Fórum Nyéléni pela Soberania Alimentar, momento-chave para a unidade e a ação popular na luta pela soberania alimentar em todo o mundo.
Abaixo, reunimos uma síntese das atividades regionais que marcaram o encerramento da 6ª Ação Internacional no Brasil:
Nordeste
Marcha Mundial das Mulheres reúne mais de mil mulheres em Mossoró para encerrar 6ª Ação Internacional
Com o lema “Marchamos contra as guerras e o capitalismo”, ato denunciou o avanço das transnacionais de energia renovável sobre os territórios e reafirmou a solidariedade internacional, incluindo a defesa da Palestina livre.
A cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, foi território do encerramento da 6ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM) na última sexta-feira (17). Mais de mil mulheres, militantes potiguares e de outros estados do Nordeste, marcharam na Avenida Presidente Dutra, em um grande ato que denunciou a exploração capitalista, as guerras e os impactos da instalação de grandes complexos de energia “limpa” na região. A intensa programação de encerramento começou na noite da quinta-feira (16), com o Encontro Estadual da Batucada Feminista, reunindo mulheres de todo o RN para “afinar os batuques” e fortalecer a resistência.
O ponto central da articulação política foi o Seminário “Do Mar ao Sertão: a resistência das mulheres contra as transnacionais, em defesa da vida e do território”, realizado na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). O encontro denunciou como a narrativa de “energia limpa” tem servido como uma “nova roupagem da exploração capitalista” no Nordeste.
“Essa energia que se diz renovável não tem nada de limpa”, afirmou Samara Rejane, do Assentamento Maurício de Oliveira (Assú/RN), ao descrever o desmatamento da Caatinga, a poluição sonora, o adoecimento mental das mulheres e o isolamento forçado das comunidades causado pelas torres eólicas e solares.
Lideranças de Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte detalharam como a instalação desses projetos, sem diálogo com as comunidades, aprofunda o racismo ambiental e ameaça a soberania dos povos. Em contraponto, as mulheres apresentaram alternativas populares reais, como os quintais produtivos, o manejo do bioma, painéis solares comunitários e planos climáticos populares. “Não queremos apenas que o Estado regule as empresas, queremos soluções a partir do que o povo constrói”, destacou Andréa Butto, da UFRPE.
À tarde, as mais de mil mulheres tomaram a Avenida Presidente Dutra. Com a força e a irreverência da batucada feminista, a marcha transformou as ruas da cidade, afirmando que “os nossos corpos e territórios não são mercadorias”.
Alinhada ao lema da 6ª Ação, a solidariedade internacional foi um pilar do ato. As mulheres marcharam em defesa da soberania dos povos e pelo fim das guerras, ecoando a defesa da Palestina livre. A mobilização encerrou com um grande evento político-cultural, reafirmando o compromisso das mulheres da Marcha Mundial em lutar pelo Bem-Viver e por um mundo livre de opressões, violências e desigualdades. A mensagem final foi clara: “Seguiremos em marcha, até que todas sejamos livres!”.
Clique aqui e acesse mais fotos.
Fotos: Raquel Queiroz e Wigna Ribeiro/ Aéreas: Mickaelly Moreira






Sudeste
Festival Ocupa Feminista reuniu mais de 600 mulheres no centro de São Paulo
Nos dias 17 e 18 de outubro, o centro da cidade de São Paulo foi ocupado pelo festival Ocupa Feminista, organizado pela MMM São Paulo. A atividade reuniu mais de 600 mulheres da capital, cidades da região do ABCDRR, Osasco, Guarulhos, Campinas, Registro, São Carlos, Botucatu, Peruíbe e estados próximos em que a MMM também se organiza, como Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
O festival dia começou com uma manifestação de rua em defesa do povo palestino e com um banquete agroecológico. Assim, as mulheres convidaram as pessoas que vivem ou passam pelo centro a interagir com o festival, e compartilharam solidariedade e comida saudável, produzida sem veneno. Houve o plantio de uma muda de oliveira, simbolizando a luta por uma Palestina livre e soberana. A maior parte das atividades aconteceu na Câmara Municipal, mas também houve programação na livraria Tapera Taperá, no Museu da Diversidade e na Ocupação Antônia Maria, da Frente de Luta por Moradia (FLM).
As oficinas trouxeram assuntos dos mais diversos para as participantes, que puderam colocar em prática conhecimentos ancestrais e práticas criativas: uso de ervas, colagem e captação audiovisual, desenho, poesia, fotografia, xilogravura, cartazes, cuidados digitais e soberania tecnológica, capoeira, horta agroecológica, arte interativa, produção de podcasts, batucada, escrita; além de jogos e palhaçaria envolvendo as crianças presentes. Atividades que mostram a diversidade e inúmeras possibilidades de colocarmos nossa criatividade feminista em prática, conectando vida e luta das mulheres em todos os ofícios.
Nas rodas de conversa realizadas, os debates foram muitos. O coletivo Mulheres da Luz compartilhou discussões sobre a realidade das mulheres em situação de prostituição, debater perspectivas sobre os problemas de propostas de regulamentação da prostituição, sobre saúde mental, saúde sexual e reprodutiva, legalização do aborto, o estigma social sofrido pelas mulheres em situação de prostituição e a importância do coletivo como rede de apoio, respeito e transformação da realidade. Além disso, 3 visitas guiadas foram organizadas à exposição “Envelhecer LGBT” no Museu da Diversidade, parceiro na organização.
Nos espaços das livrarias Tapera Taperá e Descabeça Livros foram realizados debates com autoras. A quadrinista Aline Zouvi apresentou seu livro de quadrinhos “Pigmento”, os desafios enfrentados pelas mulheres quadrinistas e sobre a importância de fortalecer uma cena independente. O llivro de crônicas “Cotidiano, eu me lembro”, contou com a presença da autora Marli Aguiar, que discutiu a presença do racismo em situações do cotidiano, e a necessidade de reagir coletivamente a ele. O bate-papo sobre a HQ “Giz”, trouxe a história de uma criança palestina, e teve a presença de Pedagolítica, coautora da obra. O livro “Uma história das mulheres Palestinas”, de Soraya Misleh, seguido do bate-papo sobre o livro “Resistência tem voz de mulher”, com a autora Evinha Eugênia, sobre a organização das mulheres na zona sul de São Paulo.
Também foi inaugurada a exposição “Mulheres em Movimento: Memória e Resistência” que ficará exposta até 30 de outubro de 2025 no saguão de entrada da Câmara Municipal. Além de fotografias, a exposição reúne faixas, cartazes e outros materiais que resgatam a memória coletiva das lutas feministas, compondo um espaço de reconhecimento e celebração da resistência, produzidos pela Marcha Mundial das Mulheres e de arpilleras do Movimento dos Atingidos e Atingidas por Barragens (MAB).
Durante a programação do festival grandes debates foram realizados a partir do eixo “fim da violência contra as mulheres, por autonomia de nossos corpos e sexualidades”. Na sexta (17) um debate sobre enfrentamento à violência reuniu dezenas de participantes com o título “Sem culpa nem desculpa! Mulheres livres da violência”, com a contribuição das companheiras do MAB, CMP, União de Moradia e marchantes da MMM de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Foram trazidos os enfrentamentos ligados à luta por moradia digna, energia e todos os bens comuns, contra o feminicídio e as violências machistas e patriarcais contra crianças e adolescentes.
Pela manhã do dia 18, o debate “LBTs na luta por autonomia sobre nossos corpos e sexualidade”, com companheiras da Rede Milbi, ANTRA e Marcha das Mulheres Negras de SP, foi um rico espaço de expressão dos desafios da comunidade LBT hoje, enfrentando armadilhas do neoliberalismo, como a usurpação de pautas pelo mercado e a adequação em “caixinhas” que tolhem a expressão das sexualidades e afetos não normativos. Ao mesmo tempo, aconteceu também a roda de conversa “Feministas construindo a luta antirracista”, que foi um espaço importante de elaboração e compartilhamento de experiências sobre o enfrentamento ao racismo no Brasil, preparação para a Marcha das Mulheres Negras e informação sobre campanhas importantes, como a campanha “Sonia Livre”.
Durante a tarde, um debate sobre “Saúde reprodutiva das mulheres, aborto legal e seguro” tratou do tema do aborto livre, seguro e gratuito, reivindicação histórica e urgente das mulheres brasileiras. As participantes compartilharam processos de luta pela legalização do aborto na Argentina, onde a mobilização feminista foi vitoriosa na pressão pelo aborto legal, e debateram os o conservadorismo e demais entraves brasileiros para a legalização, que levam diariamente as mulheres à clandestinidade. E, na Ocupação Antonia Maria, da Frente de Luta por Moradia, uma roda de conversa sobre o papel das mulheres na luta por moradia trouxe à tona o lema “Nenhuma mulher sem casa!”, debatendo a resistência feminista e a sobrecarga de trabalho das mulheres para sustentar a vida nas cidades.
Durante os 2 dias de festival, a feira de economia solidária mostrou os artesanatos produzidos por mulheres da Associação de Mulheres da Economia Solidária de São Paulo (Amesol). Pela noite, três shows animaram as participantes e mostraram a força da cultura feminista na cidade: DJ Deise, a cantora e violonista Yara Barros, o grupo Estrela Miúda e a roda de samba Batucamina. No domingo a festa ficou por conta de DJ Carlu, Fernanda Ribeiro, com sua música de resistência, e da roda de samba Negras em Marcha, agitando as participantes na Ocupação Antônia Maria e fortaleceu, pela dança e pelo som, a conexão feminista.
Finalizamos o Ocupa Feminista com um grande grito pela legalização do aborto e por uma Palestina Livre, reunindo todas as participantes no pátio da Câmara. Em seguida, uma faixa pela legalização do aborto pendurada no Viaduto do Chá deixou o recado das feministas para a Prefeitura de São Paulo, exigindo a reabertura do serviço de aborto legal no Hospital Geral de Vila Nova Cachoeirinha. “Legalizar o aborto, direito ao nosso corpo” foi o grito que ecoou no encerramento do Ocupa, que participou do encerramento nacional e internacional da 6ª Ação da Marcha Mundial das Mulheres.
Clique aqui para saber mais sobre o primeiro dia do festival, e aqui para saber mais sobre o segundo dia.
Fotos: Elaine Campos, Noelly, Mayara Viana, Tica Moreno.






Sul
Mulheres da região Sul ocupam ruas, redes e aldeias no encerramento da 6ª Ação Internacional da MMM
Mulheres de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul se reuniram no sábado (18/10) e domingo (19/10) em diversos lugares de Florianópolis e Palhoça, ocupando ruas, redes e roçados. O início foi no centro de Florianópolis com caminhada e a batucada feminista. As mulheres levantaram as vozes para reafirmar frente a este sistema capitalista e patriarcal: Marchamos contra as guerras e o capitalismo, defendemos a soberania dos povos e o bem viver!
Um dos eixos centrais da atividade foi o debate sobre Paz e Desmilitarização. Na região, as mulheres enfrentam uma luta diária para combater a militarização nas escolas e garantir espaços seguros e livres de violência para nossas crianças e jovens, assim como nas aldeias indígenas, favelas, comunidades tradicionais, assentamentos e comunidades rurais.
Após o ato de rua, a ação segue até a Ocupação Marighella, Bairro Araiú, em Palhoça, um espaço de resistência e luta pelo território. Recebidas calorosamente pelas mulheres da Ocupação para ouvir suas histórias de luta e organização da ocupação (com cozinha coletiva e espaços de cuidados pras crianças de forma compartilhada nos cuidados) e encerramos o momento com o plantio de uma oliveira. Juntas, levantamos um grito forte: PALESTINA LIVRE DO RIO AO MAR!
O próximo ponto de encontro foi na cooperativa Pró-CREP, também em Palhoça, onde conhecemos de perto a experiência de economia solidária que materializa os princípios da Economia Feminista e reforça a importância da reciclagem, do recolhimento e triagem dos resíduos, da educação ambiental, da horta coletiva, da lojinha de artesanato, da confecção em reuso dos materiais texteís e brechó, da lojinha de “Cacareco” onde o que é descarte para uns é luxo de uso pra outros. A Pró-CREP mostra que a autonomia das mulheres se constrói no coletivo, desafiando o descarte capitalista e priorizando a vida.
Por fim, as marchantes seguiram para a Aldeia Pira Rupá, região da terra indígena do povo Guarani, no Morro dos Cavalos, na bacia do Rio Maciambu, para uma roda de conversa e formação junto com mulheres indígenas da comunidade, onde foram recebidas com comidas e muito afeto. No domingo, iniciamos com apresentação do coral indígena Nhamandu Jexaka, realizamos a nossa atividade de formação com debate sobre os quatro eixos, uma conversa sobre a importância das alianças da luta feminista e a luta das mulheres indígenas, pela terra e manutenção de sua ancestralidade como as mulheres palestinas. encerramos a manhã com uma atividade física de biodança.
Fechamos nossas atividades com a plantação de uma 2ª muda da oliveira, colocada em uma área onde as mulheres estão construindo um pomar e horta com a discussão da soberania alimentar. Um plantio lindo, reforçando o compromisso e solidariedade feminista aqui no Brasil e no mundo inteiro!
Fotos: Maria do Carmo Bittencourt, Jimena Fernandez, Sonia Coelho, Gilberto Del’Pozzo





