O dia 8 de março é dia de mostrar nossa força organizada e de afirmar a potência feminista. Nós, da Marcha Mundial das Mulheres, queremos construir um novo mundo. Sem guerras, com base na igualdade, justiça, liberdade, solidariedade e paz — o mundo do bem viver para todas e todos.
No Brasil e em mais de 50 países do mundo, denunciamos a pobreza e a violência contra as mulheres que têm uma causa comum: o sistema capitalista, que é racista, machista, heteropatriarcal, lgbtfóbico, colonialista e destruidor da natureza.
Queremos mudar o mundo e a vida das mulheres em um só movimento!
Neste ano, primeiro 8 de março sem nossa querida companheira Nalu Faria, fomos às ruas também movidas pela força de sua memória viva. Seguindo em marcha, demarcando nosso enfrentamento frente às violências da extrema-direita, e exigindo punição para Bolsonaro e todos os envolvidos na tentativa de golpe no 8 de janeiro de 2023 – sem anistia para golpistas! Denunciamos o genocídio do povo palestino e exigimos o cessar-fogo já! Reafirmamos pautas centrais para a vida das mulheres, como a valorização do salário mínimo, o fim de todas as formas de violência, a defesa da autonomia e liberdade sobre nossos corpos e territórios e a defesa da legalização do aborto. Queremos o bem viver para todas as pessoas e a natureza!
Neste sentido reafirmamos a urgência e a necessidade de fortalecer a Política Nacional de Cuidados.
Demarcamos nas nossas ações a defesa feminista da vida acima dos lucros. Vimos nos últimos anos avançar a agenda das privatizações que colocam direitos básicos e universais como acesso à água e energia elétrica na mão de empresas privadas, que precarizam o sistema como um todo e o torna mais caro. Em São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP), Caruaru (PE), Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ), as mulheres denunciaram as privatizações e os impactos delas nas suas vidas. Essa pauta se encontra com a crítica que fazemos ao poder corporativo que explora os nossos corpos e territórios no Sul global. Em Maceió (AL), as mulheres continuam a denunciar e exigir reparações pelo crime ambiental sem precedentes cometidos pela mineradora Braskem. No Maranhão e em Minas Gerais, as mulheres também denunciam fortemente a presença de empresas transnacionais, especialmente as mineradoras, que tomam terras e destroem a natureza e a vida daqueles ao redor.
Em Palmas (TO), as feministas ocuparam as ruas em um Sarau com mística, música, poesia e muita luta para denunciar a escalada da violência contra as mulheres e o aumento dos números de feminícios no Brasil e no estado, reivindicar o direito ao Aluguel Social para mulheres e meninas vítimas da violência doméstica e por uma vida livre da violência!
E o sentido internacionalista do nosso movimento se fortalece nas muitas demonstrações de solidariedade com o povo palestino e pedidos de cessar-fogo que apareceram nos nossos lemas e nas músicas que ecoamos ao som dos batuques. A defesa da vida que fazemos inclui as mulheres de todos os mundo e ampliamos o sentido desse movimento na luta pela soberania e autonomia palestina sobre sua terra, seus recursos e sua cultura. Momentos de solidariedade com as mulheres palestinas foram realizados em Aracaju, Palmas, em São Paulo,
Em Recife, as mulheres organizaram a sua agenda de lutas pela legalização do aborto e pela vida de todas as mulheres. Exigimos um mundo sem violências também em Caruaru (PE) e Campo dos Goytacazes (RJ). Em Florianópolis, o ato trouxe à memória mulheres vítimas de assassinatos e outras violências, como Julieta Hernández, a palhaça Jujuba; a jovem lésbica Carol Campelo; a liderança indígena Nêga Pataxó; Maria das Graças de Jesus, a Mãe Gracinha, mulher quilombola que teve as filhas tiradas à força pela justiça, e outras.
Defendemos a Reforma Agrária Popular e acreditamos na agroecologia e no feminismo camponês popular como ferramentas poderosas da nossa luta pela sustentabilidade da vida no centro. No Maranhão, as mulheres da Marcha na capital São Luís se somaram às Mulheres do MST em frente a sede do governo do Estado para ecoar suas vozes contra os crimes que o governador Carlos Brandão e seus parlamentares aliados vêm cometendo contra os povos negros, indígenas, rurais, quilombolas e ribeirinhos. Em todo o estado de São Paulo, as marchantes declararam oposição ao governo estadual bolsonarista de Tarcísio Freitas. As marchantes mineiras em todos os atos denunciaram os abusos do governo estadual de direita de Romeu Zema — o governador de Minas que quer transformar nossos bens comuns em mercadoria, que é contra as mulheres, as trabalhadoras e os trabalhadores!
Estivemos mobilizadas, nas ruas, redes e roçados em 21 estados do Brasil, nos atos e mobilizações de rua, assim como em atividades de formação e agitação. Além dos estados e cidades citados anteriormente, a Marcha Mundial das Mulheres esteve nas ruas de Macapá (AP), Belém (PA), Manaus (AM), Salvador (BA),Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Campinas (SP), Uberlândia, Ipatinga, Juiz de Fora (todas MG), Vitória (ES), Brasília (DF), Curitiba, Guarapuava (ambas PR), Porto Alegre (RS) e Dourado (MS). Em todos esses lugares reforçamos a importância da luta organizada de mulheres fazendo o anúncio do nosso 3º Encontro Nacional da Marcha Mundial das Mulheres “Nalu Faria” que acontecerá em julho deste ano. Neste ano, o RN tem uma importância singular para essa construção coletiva, pois é o estado que receberá esse momento importante para o avanço da nossa organização e da luta feminista no país.
Confira a seguir uma galeria com alguns registros da nossa atuação neste 8 de março por todo o país:
Região norte
Região nordeste
Região centro-oeste
Região sudeste
Região sul