Nesta sexta-feira (18) acontece o Ato Nacional em Defesa da Democracia, pelos Direitos Sociais e Contra o Golpe, organizado pela Frente Brasil Popular em todos os estados do país. A Frente foi lançada em 2015 e, composta por dezenas de organizações, como a MMM, a CUT, o MST, a UNE, entre outros, se propõe a mobilizar a população em torno de agendas unitárias da política nacional, na defesa da democracia e dos direitos das e dos trabalhadores.
“Nós temos o entendimento de que é preciso defender a democracia nas ruas, pois é uma grande ameaça que todas as organizações sofrem e, mais do que isso, é uma ameaça à soberania popular, à medida que se tenta desestabilizar um governo eleito democraticamente e perseguir as lideranças políticas de esquerda, como vem ocorrendo com o ex-presidente Lula”, afirma Ticiana Studart, da MMM no Ceará.
Para Maria do Carmo Bittencourt, da MMM RS, “não estamos na rua para defender Lula como indivíduo e pessoa, mas o que o ex-presidente significa para a história do Brasil e para história deste projeto democrático popular que se identifica pela ênfase no combate à fome, combate à pobreza, inclusão social, de grandes massas da população, mas ainda muito frágil na inclusão política. Por isso, dizemos que não estamos na rua na defesa de um governo, mas sim na defesa de um projeto de país, que é o que se faz necessário para que continuemos avançando”.
O ato é uma resposta aos ataques conservadores, articulados pelos grandes meios de comunicação, grandes empresas e seus representantes no poder legislativo e judiciário. Na última semana, vimos as ações desse setor reacionário: manifestações de direita, invasão da Polícia Militar no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, depredação da sede da UNE e ataques a diretórios do PT. Trata-se de um setor que quer retroceder qualquer avanço mínimo conquistado pelas e pelos trabalhadores desse país e que está articulado também pela América Latina, nos países que contam com governos progressistas.
“Esse golpe vem mascarado como combate à corrupção mas, na verdade, o que quer é desmantelar não só o Partido dos Trabalhadores, mas também os movimentos sociais e as organizações que fazem a luta no Brasil hoje por mudanças em favor do povo e em favor da redistribuição da riqueza, da garantia de políticas públicas, dos direitos sociais e universais, da garantia de que o povo pobre possa ter acesso à cidadania”, diz Nalu Faria, da MMM em São Paulo.
Segundo a militante, a defesa da democracia e a resistência aos ataques conservadores deve ser uma das pautas do movimento feminista, aliada a todas as pautas específicas pelos direitos das mulheres. “Nós, feministas, temos sentido nos últimos anos o peso da agenda conservadora, o peso da ação da agenda conservadora que tenta, justamente, fazer retroceder no âmbito das leis, das politicas, qualquer conquista que nós tenhamos, assim como impedir qualquer avanço que demandamos”, diz Nalu. Para Maria do Carmo, “se perdermos a democracia que foi tão arduamente conquistada no país, iremos perder muito da nossa organização enquanto movimento feminista. Vamos perder muito da nossa articulação, perder muitos anos de avanços”.
A Marcha Mundial das Mulheres aposta que a força organizada e articulada dos movimentos sociais e setores progressistas da sociedade, em aliança, tem condições de mudar o rumo dessa história, que ainda não está dado. O ato no dia 18 é um momento político importante para barrar não apenas o golpe, como todas as propostas de retrocesso, como a Lei Antiterrorismo, a Reforma da Previdência, o PL 5069, e exigir mais mudanças para a vida das e dos trabalhadores, das mulheres, da população negra, indígena e quilombola, para a população LGBT. Por isso, convoca o conjunto de mulheres à mobilização pelas bandeiras históricas do feminismo e pela defesa da democracia em unidade aos outros movimentos sociais.
Para Nalu, “não vamos abrir mão da consideração de que para impedir o golpe e a destruição dos movimentos sociais, temos que ter uma mudança em nossa política econômica. Precisamos recuperar o emprego, a redistribuição de renda em nosso país”. “É preciso que este governo não apenas tenha continuidade, mas que cumpra o programa pelo qual foi eleito, avançando nos direitos para as mulheres e para a classe trabalhadora”, completa Ticiana. Maria do Carmo finaliza afirmando: “estamos mobilizadas para lutar todos os desengavetamentos de projetos que ameaçam os movimentos sociais e que retiram nossos direitos. Não vai ser nada fácil para essa elite, agora, calar a classe trabalhadora”.