Feminismo. Batucada. Liberdade. Direito ao corpo e ao território. Auto-organização.
A reflexão e a luta por trás de cada uma dessas palavras marcou o segundo dia da ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres em Palmas, no Tocantins. Entre os debates com os movimentos sociais sobre os desafios da conjuntura, foi realizada uma roda de conversa sobre os eixos da ação internacional nesta tarde do dia 16 de abril, reunindo cerca de 60 mulheres.
A apresentação de cada uma trouxe a diversidade das participantes: desde jovens estudantes e indígenas, a sindicalistas, trabalhadoras rurais e urbanas, mulheres com suas crianças, catadoras de materiais recicláveis, acampadas e assentadas. As mulheres compartilharam suas lutas locais em torno do direito ao corpo e ao território e pelo fim da violência contra as mulheres.
Enfrentar o conservadorismo
Do Pará, as feministas destacaram o aumento do conservadorismo que se manifesta no cotidiano de cerceamento da autonomia das mulheres sobre as decisões e o controle das suas vidas. Lá, a MMM tem realizado uma série de atividades de formação e cultura articulando a reivindicação da autonomia econômica e política das mulheres.
Resistir ao avanço do capital sobre os territórios
O enfrentamento ao avanço do capital sobre os territórios é central na luta das mulheres tocantinenses. A violência do agronegócio se expressa no controle das terras, mas também nos efeitos que as mulheres sentem no cotidiano do trabalho com a produção de alimentos desde o plantio até a preparação da comida.
Quando as mulheres não têm controle sobre o seu território, se amplia o alcance da exploração sobre seu corpo, seu tempo, seu trabalho e suas vidas. Portanto, transformar o modelo de produção e consumo também passa por transformar a forma como a reprodução, a produção do viver, está organizada.
Reinvindicar a autonomia sobre a terra para a produção é estratégico para que as mulheres possam ter sua autonomia econômica garantida, uma vez que seu trabalho para o auto-consumo é fundamental para a produção cotidiana da subsistência de suas famílias.
Solidariedade e auto-organização
A solidariedade foi afirmada como fundamental para construir e fortalecer a autonomia das mulheres, notadamente no enfrentamento a violência sexista. As mulheres refletiram sobre como os mecanismos da Lei Maria da Penha são importantes e precisam ser efetivamente implementados, mas também sobre como hoje é mais vísivel a violência dos homens contra as mulheres, desde o desrespeito e desqualificação até a agressão e assassinato.
A auto-organização das mulheres é uma estratégia para enfrentar as ameaças, mas também para construir as alternativas geradoras de igualdade a partir do feminismo.
No Batuque do tambor
Logo após a roda de conversa, as jovens do núcleo Olga Benário, da Marcha Mundial das Mulheres em Araguaína organizaram uma oficina de batucada feminista. Com criatividade, as latas foram decoradas com tecido e imagens de mulheres em marcha.
A oficina foi uma preparação para a mobilização pública que acontece no dia 17 de abril, como encerramento da primeira ação internacional descentralizada da Marcha Mundial das Mulheres no Tocantins.
Ao som do batuque, com muita rebeldia todas entoavam: “Pisa ligeiro, pisa ligeiro quem constrói o feminismo muda o país inteiro”.