Cerca de 3.000 mulheres marcharam nas ruas de Varzelândia no último dia 19 de abril encerrando as atividades alusivas a IV Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres no norte de Minas Gerais. A caminhada, que contou com a participação de 31 municípios, iniciou na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais com o lançamento da Marcha das Margaridas. Em seguida, ao som da batucada feminista, a marcha seguiu pelas ruas da cidade entoando palavras de denúncia da situação vivida pelas mulheres e reivindicando mais políticas públicas.
No trajeto a marcha passou por alguns pontos considerados estratégicos, entre eles, o Banco do Brasil, onde as mulheres pediram mais crédito e a desburocratização do Pronaf Mulher, que ainda é inacessível para a maioria das agricultoras. Um dos momentos altos da caminhada foi as vaias em frente a Delegacia de Polícia da cidade para denunciar a gravidade da violência contra as mulheres e os maus tratos sofrido quando vão à polícia denunciar.
Outra pauta importante, abordada pelas mulheres, foi o projeto de mineração colocado em prática na região, o qual tem avançado cada vez mais sobre os territórios, causando impacto sobre o trabalho das mulheres e aumentando a prostituição e a violência sexista. A mineração é uma das principais causadoras da crise hídrica e por isso as mulheres gritaram que “não aguentam tanta humilhação, não tem água pra beber, mas tem pra mineração”.
Além dos problemas ambientais, as mineradoras são grandes financiadoras das campanhas eleitorais, contribuindo para a sub-representação das mulheres nos espaços de decisão e reforçando o caráter sexista do Estado. Nesse sentido, as mulheres reivindicaram a necessidade de uma alteração profunda no sistema politico brasileiro. Somente uma Constituinte será capaz de realizar uma reforma política condizente com a necessidade das mulheres.
Ao final da marcha, foi lida uma carta política que expressa o conjunto de temas abordados e apresenta a agroecologia como alternativa a esse modelo de exploração dos bens naturais, reivindicando um desenvolvimento sustentável não só do ponto de vista econômico, mas com igualdade entre homens e mulheres.