Nota de Solidariedade da Marcha Mundial das Mulheres à Ministra Marina Silva

28/05/2025 por

Símbolo de resistência, dignidade e compromisso irrestrito com os povos originários e com o futuro do planeta, a Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, nesta quarta-feira (27), foi alvo de ataques misóginos, racistas e cruéis, durante uma audiência da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado Federal. Em uma institucionalização do desrespeito e extrapolando os limites da divergência política, os senadores Omar Aziz, Plínio Valério e Marcos Rogério interromperam, silenciaram e ironizaram a presença de uma mulher negra em posição de poder, reafirmando a estrutura política que, historicamente, violenta as mulheres — especialmente as mulheres negras, de origem popular e com trajetória de luta.

Diante da gravidade dos ataques proferidos e da evidente violação ao decoro parlamentar, a Marcha Mundial das Mulheres solicita que a Mesa Diretora do Senado Federal instaure, com urgência, procedimento disciplinar contra os senadores Omar Aziz, Plínio Valério e Marcos Rogério, conforme previsto no Art. 55, inciso II, da Constituição Federal de 1988 e no Art. 25 do Regimento Interno do Senado. A conduta incompatível com a dignidade do mandato parlamentar, ao transformar uma audiência pública em espaço de violência política de gênero e de afronta aos princípios democráticos, não pode ser naturalizada. É imprescindível que o Senado delibere, em tempo hábil, sobre a cassação dos mandatos, para que se afirme um compromisso institucional com o respeito às mulheres, à democracia e aos direitos humanos.

O machismo estrutural insiste em tentar desqualificar a presença e a autoridade das mulheres nestes espaços de poder. Não aceitaremos os retrocessos da violência política de gênero. A tentativa de “separar a mulher da ministra” e o imperativo para que “se colocasse no seu lugar” não são simples agressões verbais, mas expressões de uma lógica patriarcal que ainda domina a política institucional e que busca conter, silenciar e inviabilizar a atuação de mulheres que não se curvam — mulheres que enfrentam o sistema com firmeza, como faz Marina Silva, ao longo dos seus mais de 40 anos dedicados à luta, enfrentando o desmatamento, o autoritarismo, o preconceito e a destruição.

Esse episódio ecoa como uma ameaça a todas as mulheres negras que ousam ocupar espaços de poder com dignidade e coragem. Reafirmamos que a luta das mulheres por justiça ambiental é inseparável da luta por justiça social. Marina Silva não representa apenas um projeto técnico, mas uma ética política que confronta o extrativismo predatório, o racismo ambiental e a violência de gênero. Nos solidarizamos com Marina Silva e com todas as mulheres que, ao ocuparem espaços de decisão, enfrentam o ódio de um sistema que se sustenta na exclusão e na desigualdade.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres — da violência, do racismo, do capitalismo e do patriarcado!

Marcha Mundial das Mulheres – Brasil
28 de maio de 2025

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