A MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES vem a público manifestar sua total solidariedade e apoio à companheira Ariane Leitão, militante feminista que atua nas nossas fileiras e que tem uma trajetória longa e reconhecida no combate às violências sexistas.
Ariane, que já foi Secretária Estadual das Mulheres no RS e coordenou a Força Tarefa Interinstitucional de
Combate aos Feminicidios, denunciou um militante de seu partido (denunciado Gilson Gruginske) por estupro, ocorrido num encontro entre colegas que atuavam na Assembléia Legislativa do Estado do RS.
O inquérito está em andamento e, após superada esta fase, esperamos o indiciamento, a denúncia crime e o desenrolar do processo judicial para responsabilização do denunciado (cuja defesa, como preconiza a lei, será, certamente, amplamente garantida pelo Judiciário).
A MMM considera que a exposição do nome de ambos os envolvidos equaliza o processo de denúncia, já que a maioria das manifestações sobre casos de assédio e de estupro apenas expõem as mulheres que “ousam denunciar”, enquanto os denunciados seguem suas vidas como se nada tivesse acontecido.
Toda a mulher que denuncia violência de gênero tem sua vida exposta, enquanto os homens ficam protegidos pela ideia de calúnia e da difamação. As mulheres ficam fragilizadas, são contra argumentadas, difamadas, levadas de uma situação de vítimas da violência à culpadas por “estragar a vida de um homem”, enquanto ninguém, de fato, a não ser nós mesmas, se preocupa com a vida, com a saúde e com a integridade da mulher denunciante.
Sem estruturas e equipamentos estatais que dêem conta do tamanho do problema, temos de buscar amparo e cuidado particular. Não há Estado, empresa, partido, agremiação, sindicato ou Judiciário que nos dê suporte, porque toda a estrutura misógina e patriarcal – estruturalmente enraizada em todos estes espaços – se volta contra nós e é neste momento que também nossas famílias sofrem parte do abuso que vivenciamos.
Muitas vítimas perdem seus empregos, sofrem afastamento social, têm suas vidas, saúde e finanças
devastadas por causa da denúncia. Isso, além de revitimizar as agredidas, poupa os agressores, numa
relação desigual e extremamente injusta, recaindo exclusivamente sobre as mulheres todo o julgamento
moral da exposição pública.
Entendemos que nenhuma mulher se coloca como vitima de violência sexual e de estupro, sem que tenha sido, de fato, violentada. A PALAVRA DA VÍTIMA PARA NÓS TEM TODO VALOR! Nosso papel é escutar e acolher as mulheres, nunca duvidar de suas denúncias e, principalmente, estar ao seu lado cuidando para que não sejam criadas versões diferentes dos fatos ocorridos e por elas relatados.
Sabemos que historicamente o patriarcado ignora, invisibiliza, menospreza a palavra das mulheres.
Somos nós, e apenas nós, que, ao acolhermos outras mulheres, validando suas narrativas, desequilibramos o jogo do patriarcado! Porque nós sabemos que toda vez que um agressor é protegido mais mulheres se tornarão suas vítimas! Os fatos e os números nos mostram isto!
Por isso a MMM reafirma: NÓS ACREDITAMOS NA TUA DENÚNCIA, ARIANE! NÓS CONFIAMOS NA TUA
PALAVRA E TE APOIAMOS!
Continuaremos ao lado de Ariane e de todas as mulheres que decidam denunciar, buscando os meios para preservar a saúde física e mental de nossas companheiras, punir os agressores e varrer as violências de gênero de todos os espaços, em especial dos espaços domésticos, de trabalho e da política. Jamais seremos silenciadas!
SE TEM VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER A GENTE METE A COLHER!
MEXEU COM UMA, MEXEU COM TODAS!
SEGUIREMOS EM MARCHA ATÉ QUE TODAS SEJAMOS LIVRES!
Porto Alegre, 05 de Abril de 2024