Nós, da Marcha Mundial das Mulheres vimos a público expressar nosso repúdio ao Deputado Estadual Fernando Cury pelo assédio contra a Deputada Isa Penna.
A violência contra a mulher está em todos os lugares onde estão homens e mulheres, é um componente estrutural do Patriarcado. A violência é um mecanismo de constrangimento das mulheres nos espaços públicos, é como se nós não tivéssemos o direito de estar nestes lugares.
Não esqueçamos que a primeira vez que muitas de nós ouvimos falar em Bolsonaro foi quando ele, em uma discussão com a Deputada Maria do Rosário, disse que não a estupraria porque ela não merecia. Ele se colocou como quem é capaz de estuprar. E mesmo assim, apenas foi condenado por danos morais, tendo que pagar 10 mil reais à deputada. Isto é nada, ele deveria ter sido cassado. Quantos homens foram encorajados a praticar este crime, ouvindo tal frase de uma pessoa pública no parlamento?
Infelizmente nestas eleições vimos mais uma vez e com maior intensidade a violência contra as mulheres, sejam elas cis, trans ou travestis, também vimos o racismo e as notícias falsas como um componente a mais, principalmente da extrema direita para constranger, humilhar e desestimular nossas participações nestes espaços.
A “mão boba” que tocou o corpo de Isa Penna é a mesma que toca os corpos das mulheres nos ônibus, trens e metrôs. Em São Paulo, segundo a pesquisa da Rede nossa São Paulo, 63% das paulistanas já sofreram algum tipo de assédio em locais públicos, incluindo locais de trabalho.
Nós, da Marcha Mundial das Mulheres, que fomos forjadas na luta contra a pobreza e a violência sexista desde 2000, temos lutado dia a dia neste estado e cidade de São Paulo contra a violência contra a mulher, travado a luta por políticas públicas de atendimento em casos de violência, por autonomia pessoal e econômica.
Queremos que a violência contra a mulher não aconteça, por isto lutamos também por políticas estruturais que desmontem as bases materiais da opressão e desigualdades que as mulheres, especialmente as mulheres negras, estão submetidas na sociedade.
Exigimos que o governo do Estado de São Paulo e Assembleia Legislativa aprovem recursos para políticas preventivas e educativas de combate a violência contra a mulher. Indicamos a cassação do deputado porque é inadmissível que alguém que se elegeu com recursos públicos, um deputado que deveria neste lugar legislar para melhorar a sociedade, reproduza violências contra contra as mulheres.
Nenhum passo atrás, por mais que eles não queiram, vamos continuar ocupando todos os lugares públicos sim, denunciando e lutando contra todas as formas de violência e opressões.
À Isa Penna toda a nossa solidariedade e apoio.
Fora Bolsonaro, Doria e Fernando Cury!
“Resistimos para Viver, Marchamos para transformar!”
Marcha Mundial das Mulheres!