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Autoridades de Moçambique deportam a Eva Anadón, ativista e colaboradora do Secretariado Internacional da Marcha Mundial das Mulheres

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Na tarde desta quarta-feira, 30 de março, a militante da Marcha Mundial das Mulheres Eva Anadón Moreno foi deportada pelas autoridades de migração do governo moçambicano. O motivo: registrar e participar de protesto pacífico no dia 18 de março, contra a determinação do Ministério da Educação moçambicano de proibir o uso de saias curtas nas escolas secundárias do país a partir deste ano. Organizada por várias entidades da sociedade civil, a atividade teatral e leitura de comunicado de imprensa tinham o objetivo de denunciar o aumento da violência contra as jovens mulheres na escola, bem como contra as normas que pretendem controlar o vestuário das estudantes atribuindo a elas a culpa pelas agressões sexuais que sofrem de professores e colegas.

A ação não chegou a acontecer. Eva e outras quatro feministas foram presas pela polícia, que usaram a força, intimidaram as ativistas com suas armas e confiscaram câmeras, cartazes e celulares. Após ser liberada, sua casa foi mantida sob vigília da polícia de migração. Ela foi novamente retida na terça-feira, 29, por agentes do serviço de migração. Apesar de estar com toda sua documentação legalizada, e do esforço de uma equipe de advocacia do Fórum Mulher e outras entidades da sociedade civil moçambicana, as autoridades governamentais mantiveram sua decisão. Um relato completo sobre a manifestação e os motivos alegados para as prisões está disponível aqui.

Nós da Marcha Mundial das Mulheres denunciamos esta decisão das autoridades moçambicanas como uma flagrante violação da democracia, corroborada pela ação dos meios de comunicação que não deram relevância ao conteúdo e à pertinência da manifestação preparada pela sociedade civil e também não questionaram o uso arbitrário do poder policial.

 Em todo mundo, estamos assistindo golpes de Estado sendo implementados em uma estratégia articulada entre a mídia comercial, membros do legislativos eleitos com recursos de companhias transnacionais e setores do judiciário comprometidos com os interesses de poucos. Assistimos cada vez mais a judicialização e o assassinato de lideranças que denunciam esses processos e lutam por justiça, como é o caso de Berta Cáceres, morta em março deste ano, em Honduras. Um mês depois, seus assassinos ainda não foram denunciados.

Chamamos todas as mulheres e movimentos aliados a somar suas vozes na defesa da democracia em Moçambique, no Brasil e em todo o mundo. Convidamos a todas a disseminar esta e outras mensagens de solidariedade e denúncia em suas listas e nas redes sociais usando a hashtag #mulherespelademocracia. 

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

 

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