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Em novembro de 2024, o Brasil sediará a reunião do G20, grupo que consiste na articulação de 19 grandes economias globais, além da União Africana e a União Europeia. Esta é uma iniciativa estadunidense que se organiza de maneira extraoficial desde 1999, a qual os movimentos historicamente tecem suas críticas e constroem suas alternativas, inclusive nós, da Marcha Mundial das Mulheres (MMM).
Visualizando a importância de apontar as contradições do G20 e cobrar a responsabilização destas economias perante a profunda crise e desigualdade social resultante deste modelo econômico, os movimentos sociais desde abril têm se articulado para garantir a construção de uma Cúpula dos Povos, independente, autônoma e auto-organizada, a exemplo da Cúpula realizada na ocasião da Rio+20, também no Rio de Janeiro, em 2012.
Compreendendo a importância da construção de alianças para dar conta das respostas que a conjuntura demanda, nós da MMM temos sido linha de frente deste processo. Num primeiro momento, a construção da Cúpula já avançou na articulação com os movimentos e na leitura da conjuntura, compreendendo o cenário de crise do imperialismo e do neoliberalismo que, para reestabelecer suas taxas de lucro e condições de dominação, aumenta sua ofensiva sobre os povos do Sul global. O aumento das guerras, a deterioração do mundo do trabalho, o crescimento da fome e a precarização das condições de vida são reflexo deste contexto.
Neste sentido, a alternativa do neoliberalismo para solucionar suas crises tem sido a ascensão da extrema-direita ao redor do mundo. Acreditamos que é urgente a construção de uma alternativa popular para avançar nas raízes desse sistema, e a articulação da Cúpula dos Povos para afinar a leitura do contexto e a unidade da ação entre os movimentos sociais é parte fundamental desta construção.
Assim, o acúmulo coletivo até aqui foi a construção desta Cúpula dos Povos frente ao G20 no centro do Rio de Janeiro, nos dias 16, 17 e 18 de novembro. Sendo os dias 16 e 17 para os debates ampliados – são estes: conjuntura, reparações, alternativas econômicas e governança global – e o dia 18 para sairmos às ruas em marcha levantando nossas bandeiras e nosso grito de resistência.
A partir da concepção da limitação do G20 perante a diversidade de propostas, debates e denúncias condizentes com este momento da conjuntura, o governo brasileiro, atual presidente do G20, tomou a iniciativa de puxar também um G20 Social, apenas para as organizações da sociedade civil, para dialogar e apresentar alternativas sobre os temas definidos para a agenda oficial institucional, que são: combate à fome e às desigualdades; democratização da governança global e; desenvolvimento sustentável e transição energética.
Desta maneira, a Secretaria Geral da República convocou movimentos de setores representativos da sociedade (MMM, MST, CUT, Abong, APIB e Uneafro) para compor o Comitê Organizador do G20 social, que acontecerá nos dias 14, 15 e 16, também no Rio de Janeiro, e contará com debates, atividades autogestionadas e uma grande feira para os produtores dos movimentos.
Levando em conta a centralidade destes espaços e da organização e articulação dos movimentos do Brasil e do mundo, convocamos toda a militância da Marcha Mundial das Mulheres a se somar à construção destes dois processos, somando aos comitês estaduais da Cúpula dos Povos já existentes ou fomentando a criação de novos comitês, além da participação também nos espaços convocados para a Cúpula Social do G20.
A unidade na análise e na ação são o caminho possível para derrubar o capitalismo patriarcal e racista que precariza nossas vidas. Resistimos para viver, marchamos para transformar! Mudar o mundo para mudar a vida das mulheres e mudar a vida das mulheres para mudar o mundo!