Desde as 6h da manhã de hoje (17), a cidade de Mossoró (RN) respira feminismo por todos os cantos. Do centro à Lagoa do Mato, do Nova vida ao Santa Delmira, as mulheres estiveram na rua ocupando os espaços públicos e promovendo uma cultura feminista, uma cultura pela igualdade.
As atividades começaram cedinho, no Polo Margarida Alves, no Nova Vida, com a bicicletada feminista percorrendo as ruas do bairro. Em seguida, teve a transmissão ao vivo da sede do Grupo Mulheres em Ação, do programa de rádio Espaço Lilás, com a participação das mulheres da comunidade e das repentistas paraibanas Soledade e Minervina. Este polo teve ainda uma oficina sobre Feminismo e Redes Sociais, debatendo o papel da mulher na mídia convencional e como as redes podem ser uma ferramenta de combate ao que é divulgado nessa grande mídia. As mulheres do bairro estiveram em peso participando de toda a programação. Débora Raquel, militante da Marcha Mundial das Mulheres e moradora do Nova Vida comemora o sucesso do polo: “Foi muito bom ver as mulheres da comunidade envolvidas nessas atividades, ocupando as ruas na bicicletada. É importante que tenhamos atividades assim para que as mulheres possam se sentir mais livres para mostrar sua cultura, sua arte, e até mesmo para poderem andar nas ruas sem medo”.
Ainda de manhã, simultaneamente às atividades do Polo Margarida Alves, teve o seminário com o tema “Corpos e Territórios: Resistências e Alternativas”, no qual cerca de 700 mulheres do Rio Grande do Norte e do Ceará debateram sobre as experiências das Caravanas Agroecológicas Feministas que percorreram oito municípios do RN e um do Ceará. As atividades aconteceram no polo Nísia Floresta no Centro de Mossoró. Após o seminário, ao meio-dia, as mulheres percorreram as ruas do Centro com um ato público. Conceição Dantas, da coordenação executiva da MMM, explica que “hoje estamos ocupando a cidade de Mossoró com 24 horas de cultura feminista, revertendo a lógica desta sociedade dizendo que o feminismo ocupa campo e cidade construindo cultura para a igualdade”.
Logo em seguida, às 13h, tiveram início no bairro Lagoa do Mato as atividades do Polo Romana Barros. Lá, as mulheres participaram de uma oficina de Batucada e uma de danças típicas da cultura afro. Com os pés descalços, em contanto com o chão e de olhos fechados para ouvir e sentir o som dos tambores, as mulheres se soltaram ao som da música. Geyse Anne, da MMM do Ceará e do movimento enegrecer, que ministrou a oficina ao lado da artista mossoroense Dayane Léo, falou sobre a importância dessas danças: “A dança também é uma forma de resistência, de mostrar ancestralidade através de nossas manifestações culturais. As danças populares também servem como uma forma de organizar as mulheres, de fazer com que a nossa cultura não se perca”.
Um exemplo do que Geyse falou pode ser visto na própria oficina, com a participação das mulheres da comunidade quilombola de Jatobá, que fica localizada no município de Patu/RN, Maria Neide, moradora de Jatobá, falou sobre as danças tradicionais da comunidade, em especial de uma intitulada como “concagada”, dança esta que foi apresentada na abertura das atividades do Polo Nísia Floresta e encantou todas as presentes. “E um prazer para nós quilombolas estar aqui, mostrando para vocês a nossa dança, que é passada de geração para geração”.
Às 15h, simultaneamente ao Polo Romana Barros, que ainda estava rolando, teve início às atividades do polo Pagu, no Bairro Santa Delmira. Neste polo as mulheres tiveram oficinas de poesia, batucada e filtro dos sonhos. Além disso, rolou música ao vivo, com a cantora e militante da Marcha, Everlaine Rocha. E ainda teve Sarau com o coletivo Boca de Bueiro. Daniela Couto, moradora do bairro, que só conhecia a MMM através do facebook disse que ficou encantada com a atividade: “Estou gostando. Muito bom finalmente poder fazer parte dessas atividades que eu só via na internet”.
Com tudo isso, as atividades da Virada Feminista Agroecológica e Cultural completaram 12h de programação com muito sucesso e muita cultura para a igualdade por todos os cantos de Mossoró. E isso é só metade, porque ainda tem mais 12h de programação no Polo Frida Kahlo, na praça da Catedral, no Centro, pois já está rolando a Feira de Economia Solidária e Feminista, e simultaneamente os shows culturais, que terão artistas locais, regionais e nacionais.